CACHORRO, SOMOS NÓS...
Gilvan Teixeira
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Verdadeira ofensa à
classe dos mammalias e à família dos canidaes, a declaração de um
ministro do STF não surpreende. Deixa às claras o que há muito é sabido: o
Judiciário, nem de perto, é sinônimo de ética ou credibilidade. Os mesmos
vícios, que deveriam ser exemplarmente punidos pela caneta do magistrado,
tangenciam a conduta de inúmeros juízes Brasil à fora, da primeira à última
instância, da longínqua comarca do interior à mais alta Corte. Os valores
trazidos na cartilha são letra-morta, sucumbem frente à consciência putrefata daqueles
que usam a normativa jurídica para defesa de interesses escusos. Hermético é
não apenas o “juridiquês”, mas o corporativismo doentio que, historicamente,
vem sangrando os cofres públicos e cristalizando privilégios, em detrimento do
interesse público. Donos de uma falsa moral, não são poucos os togados que,
feito abutres, alimentam-se da carniça de um país combalido e sôfrego. Ao que
tudo indica, fazendo uso da verborreia do ministro que acredita ser Deus, o
Judiciário – não apenas, e eventualmente, o instituto do habeas corpus – tem, muito comumente, se tornado um “valhacouto de
covardes”. O dito ministro, ao que tudo indica, parece também ter confundido a
relação entre o cachorro e seu rabo. Precisa entender que ele, SERVIDOR PÚBLICO,
é o “rabo”, enquanto quem o paga (a quem ele chama de “opinião pública”) é o “cachorro”.
Tantos anos enfiado em seu gabinete,
embasbacado entre incontáveis benesses, talvez o tenha feito perder o sentido
da dura realidade da maioria de nosso povo. Não se ponha a carreta na frente
dos bois, “Excelência”! Não passas de um “rabinho”, pois que insignificante
diante daquele que te dá sentido. Cachorro, e dos grandes, somos nós! Infelizmente,
cachorro cotó, pois que, lamentável e vergonhosamente, o nosso “rabo” tem sido
de pouca serventia. Apesar de viver às custas de seu dono, mais tem estorvado
do que ajudado. Não abana e nem tampouco espanta as moscas. Não denota tristeza,
dor ou felicidade. Faz lembrar o apêndice, só lembramos dele quando inflama. Passou
da hora do rabo colocar-se no seu devido lugar, assim como o Judiciário no seu.
Saia este do meio entre as pernas da malfadada República e cumpra, já, com seu
papel. Urge refundarmos este país, saldando a imensa dívida com seus cidadãos,
sequiosos por serviços públicos de qualidade, necessitados de justiça social e
cansados de tamanha exploração.
Excelente texto, caro colega. Só toma cuidado que o dito gosta de processar quem o contraria.
ResponderExcluirDizem que cão que late não morde... O que sobre então para um ínfimo "rabo"? Abraço.
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