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domingo, 28 de fevereiro de 2016

PARA ALÉM DO "SHORTINHO"


PARA ALÉM DO SHORTINHO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Não são poucos os que vivem sob a ditadura de infantes, filhos e filhas de pretensos reis que, muito comumente, preparam a prole para ser “herdeira” e não “sucessora”. Trata-se de uma geração mimada, dada à estupidez narcísica de olhar não mais além do que o limite do próprio umbigo. Uma geração que, na busca insana do prazer a qualquer preço (ainda que, quase sempre, efêmero...) entrega-se de corpo e alma às drogas, anabolizantes, álcool e inúmeros outras “bengalas” produzidas pelo consumismo doentio e desenfreado. Mais importa a aparência do que a essência, o ter do que o ser. Enquanto, por vezes, ecoam discursos sob uma roupagem ética, seguem indiferentes às agruras dos pobres mortais. Entorpecem a consciência com seus smartphones modernos, looks a peso de ouro e viagens à Disney. Passam longe das filas do SUS, desconhecem a masmorra em que se transformaram nossos presídios, nem, tampouco, sabem o que é a fome ou a miséria. Enquanto o inglês fluente contrasta com o vernáculo mal escrito, os príncipes e princesas dedilham nas redes sociais em busca de aceitação e fútil notoriedade. Amizades, eles as têm, contudo quase todas tomadas da típica frieza do mundo virtual. Parecem cegos e indiferentes ante à dura realidade da vida e, até por isso, buscam levantar bandeiras que preencham o enorme vazio existencial. Daí venha, talvez, o endeusamento do “eu”, relativizando a autoridade e negando os limites e as regras. Terreno fértil à formação de homens e mulheres individualistas, egoístas e avessos ao bem comum. Homens e mulheres que, apesar de avançada idade, se portam feito crianças. Seres mal resolvidos emocionalmente e presos a um eterno cordão umbilical. Dar as costas, irresponsavelmente, às convenções sociais – se justas, necessárias e oportunas – soa como algo perigoso. Atenta contra não apenas uma regra ou instituição, mas sim contra a própria noção de “autoridade”. Esta é imprescindível na formação de pessoas equilibradas, felizes e sadias. Indispensável na construção de uma sociedade verdadeiramente solidária, menos injusta e mais fraterna. Uma sociedade capaz de educar seus mancebos para os difíceis desafios do mundo moderno, livrando nossos guris e gurias das armadilhas impostas pela mercantilização do corpo e coisificação das relações. A escola – pública ou privada – tem indelével importância nessa empreitada. Precisa, com o apoio da comunidade, fazer valer suas convicções. É, indubitavelmente, um espaço privilegiado para a reflexão propositiva, esta capaz de superar o limite do discurso fácil, ainda que “politicamente correto”. Urge sairmos em defesa da escola, pois sob sua guarda está nosso bem mais precioso: nossos filhos!



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