PARA ALÉM DO SHORTINHO
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmai.com.br
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Não são poucos os que vivem sob a ditadura de
infantes, filhos e filhas de pretensos reis que, muito comumente, preparam a
prole para ser “herdeira” e não “sucessora”. Trata-se de uma geração mimada,
dada à estupidez narcísica de olhar não mais além do que o limite do próprio
umbigo. Uma geração que, na busca insana do prazer a qualquer preço (ainda que,
quase sempre, efêmero...) entrega-se de corpo e alma às drogas, anabolizantes,
álcool e inúmeros outras “bengalas” produzidas pelo consumismo doentio e
desenfreado. Mais importa a aparência do que a essência, o ter do que o ser.
Enquanto, por vezes, ecoam discursos sob uma roupagem ética, seguem
indiferentes às agruras dos pobres mortais. Entorpecem a consciência com seus smartphones modernos, looks a peso de ouro e viagens à Disney. Passam longe das filas do SUS,
desconhecem a masmorra em que se transformaram nossos presídios, nem, tampouco,
sabem o que é a fome ou a miséria. Enquanto o inglês fluente contrasta com o
vernáculo mal escrito, os príncipes e princesas dedilham nas redes sociais em
busca de aceitação e fútil notoriedade. Amizades, eles as têm, contudo quase
todas tomadas da típica frieza do mundo virtual. Parecem cegos e indiferentes ante
à dura realidade da vida e, até por isso, buscam levantar bandeiras que
preencham o enorme vazio existencial. Daí venha, talvez, o endeusamento do “eu”,
relativizando a autoridade e negando os limites e as regras. Terreno fértil à
formação de homens e mulheres individualistas, egoístas e avessos ao bem comum.
Homens e mulheres que, apesar de avançada idade, se portam feito crianças. Seres
mal resolvidos emocionalmente e presos a um eterno cordão umbilical. Dar as
costas, irresponsavelmente, às convenções sociais – se justas, necessárias e
oportunas – soa como algo perigoso. Atenta contra não apenas uma regra ou
instituição, mas sim contra a própria noção de “autoridade”. Esta é imprescindível
na formação de pessoas equilibradas, felizes e sadias. Indispensável na
construção de uma sociedade verdadeiramente solidária, menos injusta e mais
fraterna. Uma sociedade capaz de educar seus mancebos para os difíceis desafios
do mundo moderno, livrando nossos guris e gurias das armadilhas impostas pela
mercantilização do corpo e coisificação das relações. A escola – pública ou
privada – tem indelével importância nessa empreitada. Precisa, com o apoio da
comunidade, fazer valer suas convicções. É, indubitavelmente, um espaço
privilegiado para a reflexão propositiva, esta capaz de superar o limite do
discurso fácil, ainda que “politicamente correto”. Urge sairmos em defesa da
escola, pois sob sua guarda está nosso bem mais precioso: nossos filhos!
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