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domingo, 12 de julho de 2015

ESTUPIDEZ NOS TEMPOS DA MENINGITE


ESTUPIDEZ NOS TEMPOS DA MENINGITE
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Cachoeirinha, uma pequena cidade da região metropolitana de Porto Alegre, vive o que alguns convencionaram chamar de “surto comunitário” de meningite. Ao que parece, não apenas a bactéria tem provocado a inflamação das meninges e, com isso, eventual “confusão mental”. Esta última, ao que se vê tem sido mais comum do que se imagina. Há quem aproveite momentos de crise – como se esta não fizesse parte da história de nossa cidade e de nosso país... – para lançar críticas e mais críticas de toda ordem sobre o Prefeito, o Secretário, o vereador... Preocupa a forte tendência da oposição estrábica em jogar pedra sobre o telhado alheio, como se ela própria fosse exemplo de ética e boa condução do interesse público. A moral de cuecas soa como abjeta e nada convincente, afinal deixa à mostra as nádegas tomadas pelas “estrias” da incoerência, do discurso fácil e vazio, bem como do ultrapassado jeito de se fazer política. Não que o Executivo deixe de merecer a crítica e indignação do cidadão. Sim, mas não apenas ele, mas o Estado como um todo. Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos os ditos “Poderes”, nas esferas municipal, estadual e federal, são corresponsáveis pela falência dos serviços públicos. A precariedade da saúde, evidenciada, ainda mais, em situações como a do surto de meningite, é tão somente um dos tantos problemas a atestarem o embotamento ético do Estado. Este, há muito já não nos representa, tendo se tornado um fim em si mesmo. Feito Narciso, tem se mostrado incapaz de olhar além do próprio umbigo. Mastodôntico, consome quase todos os recursos – que não são poucos... – em alimentar as próprias entranhas. Zarolho, não enxerga além dos próprios interesses espúrios e mesquinhos, voltado muito mais ao atendimento de projetos egoístas de poder, em detrimento do interesse coletivo. O cuspe lançado pela dita “oposição” de hoje (amanhã aliada ou, quiçá, “governo”), feito bumerangue, retorna impulsionado pelos “ares” enlameados da troca de favores tão comum nos corredores das repartições públicas. O azedume de alguns opositores contrasta com suas flagrantes ou veladas práticas condenáveis. A verborreia político-partidária (da “oposição” ou “situação”, da “esquerda” ou “direita”) nada tem contribuído para depuração do Estado. Usar a tragédia alheia – sob a forma de pretensa preocupação com o outro – para obter dividendos políticos soa como irresponsável e vergonhoso. Atenta contra a inteligência e a dignidade da pessoa humana, pois vitimiza aquele que já é vítima, fazendo desta última um trampolim para obtenção de vantagens indecorosas. Torçamos e lutemos pelo controle da meningite neste município, exigindo do Poder Público as ações que lhe competem e responsabilizando o Estado, se necessário. Tomemos os cuidados necessários capazes de mitigarem o risco de contágio. Assim, é o que se deseja, logo a epidemia será coisa do passado. Quanto à “oposição” endêmica e camaleônica – pois troca de roupagem conforme o contexto e a oferta de benefícios –, ao que parece, seguirá resistente aos fármacos desta frágil e duvidosa democracia. 

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