ESTUPIDEZ NOS TEMPOS DA MENINGITE
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Cachoeirinha, uma pequena cidade da região
metropolitana de Porto Alegre, vive o que alguns convencionaram chamar de
“surto comunitário” de meningite. Ao que parece, não apenas a bactéria tem
provocado a inflamação das meninges e, com isso, eventual “confusão mental”.
Esta última, ao que se vê tem sido mais comum do que se imagina. Há quem
aproveite momentos de crise – como se esta não fizesse parte da história de
nossa cidade e de nosso país... – para lançar críticas e mais críticas de toda
ordem sobre o Prefeito, o Secretário, o vereador... Preocupa a forte tendência da
oposição estrábica em jogar pedra sobre o telhado alheio, como se ela própria
fosse exemplo de ética e boa condução do interesse público. A moral de cuecas
soa como abjeta e nada convincente, afinal deixa à mostra as nádegas tomadas
pelas “estrias” da incoerência, do discurso fácil e vazio, bem como do ultrapassado
jeito de se fazer política. Não que o Executivo deixe de merecer a crítica e
indignação do cidadão. Sim, mas não apenas ele, mas o Estado como um todo.
Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos os ditos “Poderes”, nas esferas
municipal, estadual e federal, são corresponsáveis pela falência dos serviços
públicos. A precariedade da saúde, evidenciada, ainda mais, em situações como a
do surto de meningite, é tão somente um dos tantos problemas a atestarem o
embotamento ético do Estado. Este, há muito já não nos representa, tendo se tornado
um fim em si mesmo. Feito Narciso, tem se mostrado incapaz de olhar além do
próprio umbigo. Mastodôntico, consome quase todos os recursos – que não são
poucos... – em alimentar as próprias entranhas. Zarolho, não enxerga além dos
próprios interesses espúrios e mesquinhos, voltado muito mais ao atendimento de
projetos egoístas de poder, em detrimento do interesse coletivo. O cuspe
lançado pela dita “oposição” de hoje (amanhã aliada ou, quiçá, “governo”),
feito bumerangue, retorna impulsionado pelos “ares” enlameados da troca de
favores tão comum nos corredores das repartições públicas. O azedume de alguns
opositores contrasta com suas flagrantes ou veladas práticas condenáveis. A
verborreia político-partidária (da “oposição” ou “situação”, da “esquerda” ou “direita”)
nada tem contribuído para depuração do Estado. Usar a tragédia alheia – sob a
forma de pretensa preocupação com o outro – para obter dividendos políticos soa
como irresponsável e vergonhoso. Atenta contra a inteligência e a dignidade da
pessoa humana, pois vitimiza aquele que já é vítima, fazendo desta última um
trampolim para obtenção de vantagens indecorosas. Torçamos e lutemos pelo
controle da meningite neste município, exigindo do Poder Público as ações que
lhe competem e responsabilizando o Estado, se necessário. Tomemos os cuidados
necessários capazes de mitigarem o risco de contágio. Assim, é o que se deseja,
logo a epidemia será coisa do passado. Quanto à “oposição” endêmica e
camaleônica – pois troca de roupagem conforme o contexto e a oferta de
benefícios –, ao que parece, seguirá resistente aos fármacos desta frágil e
duvidosa democracia.
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