IMIGRANTE
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Certa feita, ouvi de um Padre – durante a homilia –
uma expressão, no mínimo, interessante. Para lá do eventual romantismo ou do
aspecto histórico, o termo encerra outros sentidos. Início de mais um ano
letivo e, com ele, aquela conhecida cena: o aluno novo que chega na escola. É
como se caísse de paraquedas em local desconhecido e, por vezes, aparentemente
hostil. Tudo parece, num primeiro momento, conspirar contra ele. É como se
todos nele reparassem ou, talvez o que seja pior, o ignorassem por completo.
Desconhece os caminhos, a disposição das salas e até mesmo o rumo do banheiro. Verdadeiro
estranho no ninho. Estrangeiro! Imigrante! Feito gado no corredor, sente-se
oprimido. Teme em perguntar, pois não quer chamar atenção, vai que o tomem por
exibido. Por outro lado, urge falar, pois que náufrago em meio a um oceano de
dúvidas e questionamentos. Triste sina aquela. Sente-se abandonado, lançado aos
leões. Mais do que nunca, ressente-se da ausência dos amigos, dos colegas de
outrora. Na outra escola era rei. Agora, um desconhecido. O anonimato só é
menor do que a angústia a lhe oprimir o peito. O despontar de um novo ano
letivo traz consigo, entre outras, a necessidade de exercitar a solidariedade,
o coleguismo, a acolhida. O início das aulas gera levas e mais levas de imigrantes,
fazendo surgir, mais do que nunca, a premente carência de corações dispostos a estenderem
a mão. Pessoas com a firme intenção de ciceronearem os estrangeiros, de
apadrinharem os que vêm de outros páreos. Caminhar pela escola, indicar os
prédios e banheiros, dar as boas-vindas... Iniciativas simples que fazem a
diferença e criam vínculos. Singelas ações que, ao contrário de parecerem
piegas, calam na memória e na alma. A “xenofobia” cede lugar à empatia. A
indiferença dá lugar à amizade, mesmo que ainda tênue. É assim que nascem as melhores
relações. É assim que se revelam os que, de fato, são capazes de transformarem
positivamente o mundo. Sejam bem-vindos todos, imigrantes ou não! Bom 2013.
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