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domingo, 25 de novembro de 2018

FILOSOFIA: RESUMO UNIVERSITÁRIO

FILOSOFIA
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

                Um dos temas por nós trabalhados nas aulas de Filosofia foi a “dialética”. Esta, como o próprio termo denota, pressupõe diálogo, onde o confronto de ideias e pontos de vista é visto não como uma ameaça, mas como algo necessário e positivo, pois que contribui na busca da própria verdade. O processo dialético busca mostrar que as diferenças existentes são matéria-prima na construção do próprio autoconhecimento. Este estaria ameaçado não fosse a existência do “diferente”. A dialética, sem dúvida, é um dos pilares da sociedade verdadeiramente democrática, da sociedade que prima pela pluralidade e se mostra avessa a qualquer espécie de totalitarismo. Contudo, vimos também, que o processo dialético, em hipótese alguma, significa abandono aos fundamentos da lógica e da razão. Os diferentes pontos de vista, quando confrontados, devem levar não a devaneios ou a um interminável “relativismo”, mas – como já dissemos – à busca da verdade, por meio da chamada “síntese” (resultante da relação entre “tese” e “antítese”). Daí a importância de valorizarmos os chamados “contrários”, pois que fundamentais na construção do conhecimento. A escola, a família, o Estado, a Igreja, os meios de comunicação, enfim, a sociedade como um todo tem o compromisso de formar indivíduos abertos ao diálogo, verdadeiro antídoto contra o preconceito e a discriminação. Como, certa feita, disse Mandela, “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. A cumplicidade de todos em prol de uma formação verdadeiramente “humana” e solidária dos indivíduos faz-se cada vez mais urgente e necessária. Vivemos hoje a chamada “pós-verdade”, onde imensas parcelas da população mundo afora, independentemente de serem em países desenvolvidos ou não, vêm se isolando em espécies de “bolhas” criadas muitas vezes por meio de algoritmos. Tais “bolhas”, via de regra, trazem enormes prejuízos ao processo dialético, pois tendem a aglutinar os “iguais” e isolar os “diferentes”. É bem verdade, entretanto, que a “culpa” em relação ao problema deve-se, sobretudo, ao próprio usuário e ao uso inadequado que ele faz da ferramenta (redes sociais, por exemplo).
                Outro tema, por nós bastante discutido nas últimas aulas de Filosofia, diz respeito à “democracia”. Ao longo da história da humanidade, vimos, a democracia jamais foi a tônica. Mesmo entre as cidades da Grécia Antiga (Atenas, por exemplo), a participação popular era por demais restrita, pois eram poucos os que, de fato e de direito, participavam das decisões políticas. Na Europa da Idade Média, a participação não era maior, afinal tratava-se de uma sociedade teocrática e feudal, onde uma ínfima parcela da população (clero e nobreza) tinha acesso às decisões políticas. O Renascimento da Idade Moderna e o Iluminismo da Contemporaneidade, em que pese a importância de tais movimentos, não foram capazes de universalizarem os ideais democráticos, por vezes ficando mais no universo do mero discurso inflamado. No Brasil, a história não foi diferente. São quinhentos anos de escassez democrática. As fases Colonial (1530 – 1822) e Monárquica (1822 – 1889), por exemplo, estiveram marcadas pela escravidão e discriminação em relação à mulher. A República (1889 aos dias de hoje), por sua vez, sempre mostrou-se “manca”, assentada no coronelismo (República Velha, de 1889 a 1930) e na ditadura (Vargas, de 1937 a 1945, e governos militares, de 1964 a 1985). Mesmo nos escassos momentos de governos pretensamente “democráticos”, o país conviveu e convive com a corrupção e péssimos serviços públicos prestados à população.

                Finalmente, nossas aulas versaram, ainda, acerca das chamadas “gerações” dos direitos. Temos os direitos de “primeira” (vida, liberdade e propriedade), “segunda” (saúde, educação e lazer) e “terceira” (paz e meio ambiente) gerações. Alguns autores falam, também, em “quarta” e “quinta” gerações, os dois últimos relacionados à engenharia genética, cibernética e internet, por exemplo. No Brasil, assim como em muitos outros países, tais direitos (de “primeira” à “quinta” gerações) vêm sendo, diuturnamente, ofendidos e violados. Convive-se por aqui, por exemplo, com o flagrante desrespeito aos direitos assegurados na Constituição Federal e outros diplomas legais. Educação, saúde, segurança, moradia e alimentação de qualidade seguem sendo privilégio de alguns, em que pese sermos uma das maiores economia do mundo. Enquanto uma minoria se locupleta em benefício próprio, acobertados por um Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) marcado pela omissão, conivência e cumplicidade, a maioria de nossa gente segue à mercê da própria sorte. Apesar de eventuais imperfeições, o maior problema do país, certamente, não é a legislação, mas o efetivo cumprimento dela. Nossa República precisa ser “refundada”, passando a estar assentada nos valores verdadeiramente democráticos. 

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