Assim como
Albert Einstein já dizia: “Todo mundo é um gênio, mas se você julgar um peixe
pela sua capacidade de subir em uma árvore, ele viverá toda a sua vida
acreditando que é estúpido”.
A educação a qual conhecemos foi originada no século
XVII na Prússia, em uma época histórica chamada Despotismo Esclarecido, onde,
basicamente, um rei comandava toda a sociedade através de suas expectativas e
necessidades. Todavia, ele percebia que as pessoas estavam sendo influenciadas
por um movimento que ocorria na França neste período, o Iluminismo, onde ideais
de liberdade estavam sendo pregados e influenciados pelo mundo. Por
conseguinte, ele teve a iniciativa de criar um sistema educacional para que as
pessoas se adaptassem ao seu modo de governo, sem questionamentos. Foi criada a
Escola do Povo, com o objetivo de “medianizar” todas as pessoas, em todas as
disciplinas adotadas por ele, diminuindo a margem para o surgimento de gênios.
Porém, ele percebeu que as crianças, filhas de seus súditos mais próximos, bem
como seus próprios filhos estavam inseridos naquele sistema pífio de ensino que
foi criado para a esfera pública. Em vista disso, criou a Verdadeira Escola, voltada para o “verdadeiro” ensino das crianças as
quais eram ligadas aos sistemas governamentais e que futuramente herdariam o
trono. Lá se exercitava tudo aquilo que as crianças tinham como habilidades,
assim como disciplinas, tais como, por exemplo, humanidades, artes e sociologia,
deixando de lado matérias que pareciam desnecessárias para o desenvolvimento
humanístico desses jovens.
Todos esses aspectos dissertados nos levam a uma
semelhança com a Escola do Povo e com
a Escola Moderna na qual estamos
inseridos. Essa tal Escola Moderna que não só faz peixes serem obrigados a
escalarem árvores, mas também a descerem e correrem. A exposição da dúvida é
evidente; será que a escola se orgulha de fazer com que milhões de jovens se
comparem a robôs, com esse sistema sórdido de ensino, mal adaptado para a
sociedade atual? Fazendo com que crianças se assemelhem a peixes e as obrigando
exercerem “atos insignificantes”. Pensam que são estúpidas e que não têm
potencial. Quantas vidas e potenciais criativos serão “assassinadas” até
tomarmos uma atitude? Este sistema, com certeza, já resistiu mais do que devia.
A banda de rock
progressivo Pink Floyd, já disse isso
na década de 70, no disco “The Wall”,
mais especificamente nas faixas de “Another
Brick In The Wall” e “The Happiest
Days Of Our Lives”. Nesse álbum há uma profunda crítica social, não só ao
sistema escolar, mas também à maneira que o ser humano está se comportando e
como a sociedade interfere na vida de cada um de nós.
O ser humano é o ser que tem a maior facilidade de
adaptação. Para provar isso utilizamos a tecnologia como exemplo; ela foi
evoluindo de acordo com as necessidades do ser humano. Quando nós não
precisamos mais daquele objeto ou instrumento, deixamos de usá-lo. Para
exemplificar: um telefone que foi usado há 150 anos convém ser utilizado hoje?
A resposta é clara. Sua função já foi cumprida. Por isso, a tecnologia evoluiu
e os smartphones chegaram ao mercado,
para a adaptação, de acordo com as necessidades das pessoas.
A escola de 150 anos atrás demonstrou alguma mudança
para a adaptação do ser humano de “hoje em dia”? Olhemos para ela e não notaremos
expressivas diferenças.
Se a escola reivindica uma preparação de jovens para
o futuro, é necessário a seguinte reflexão: por que nada mudou? Essa preparação
é para o futuro ou para o passado?
Essa escola foi criada para treinar pessoas, após a Revolução
Industrial, para trabalharem em fábricas, o que explica o porquê dela colocar alunos
em fila, sentados, calados e, caso haja a oportunidade de falar, é obrigatório
levantar a mão para se expressar. Além disso, dá um pequeno intervalo para
comer e socializar, e durante mais de cinco horas moldam o pensamento de cada
criança, manipulando-a e dizendo o que é certo e errado de pensar. Alunos
alienados disputando por uma nota dez, enquanto outros, verdadeiros gênios,
acham que são insignificantes por não se compararem a estes.
Até quando vamos criar adultos “medianos”? Quando
vamos estimular pessoas para a genialidade? O mundo evoluiu. O ser humano
evoluiu e precisamos parar de transformar pessoas em robôs e zumbis, e começarmos
a dar valor à criatividade, inovação e criticidade, fazendo com que, de forma
autônoma, as pessoas desenvolvam o dom de se “conectarem”.
Todas as
pessoas são diferentes, e a ciência atesta que dois cérebros nunca serão
iguais. Então por que a escola nos trata como fôrmas, moldando nosso jeito de
pensar, dando-nos uma “medida que serve para todos”? Porém, segundo Richard
Williams, se um médico prescrever exatamente o mesmo medicamento para
todos, o resultado será catastrófico. Essa negligência também está presente na
escola, onde o professor fica à frente de trinta ou quarenta pessoas, cada uma
com diferentes habilidades, diferentes necessidades, diferentes dons,
diferentes sonhos, ensinando todos da mesma maneira.
A profissão
que os professores exercem deve ser valorizada, afinal este é o trabalho mais
importante do planeta. Porém, continuam recebendo (ou quando recebem) um
salário, muitas vezes é pouco para o próprio sustento. Não é de se admirar que
a maioria das pessoas não possuem boa formação, ou são semianalfabetas ou,
ainda, analfabetos políticos continuando a eleger aquelas mesmas figuras que
destruíram nosso país. As grades curriculares são criadas por políticos, os
quais sequer ensinaram algo em suas vidas. Eles são simplesmente obcecados por
provas padronizadas, pensam que marcar um “X” em uma questão de múltipla
escolha determina o quanto você é inteligente. Concluímos, que para essas
pessoas estarem no poder, uma questão de múltipla escolha não é o melhor
caminho a se tomar. Esses testes são
extremamente ultrapassados para serem utilizados. Isso deveria ser abandonado.
O próprio Frederick J. Kelly, o homem que criou os testes padronizados, disse:
“Essas provas são muito rudimentares para serem utilizadas”.
Se
continuarmos acreditando que a mudança não é possível, o resultado será
catastrófico. Devemos ter esperança. Esperança em nós mesmo. Ora, se
conseguimos atualizar nosso perfil no Facebook,
ou em nossos celulares, somos capazes de fazermos isso com a educação. Para que
se acabem com essas aulas padronizadas devemos alcançar as necessidades de cada
aluno dentro da sala de aula. Deve-se investir muito mais, por exemplo, na
capacidade do ser humano de socializar e entender o espaço em que vive,
valorizando seu espírito e sua cultura. Colocando, em primeiro plano, o papel
do autoconhecimento, para uma evolução intelectual individual, em vista de uma
sociedade mais harmoniosa. Isso não é uma utopia. Países como a Finlândia estão
fazendo mudanças extraordinárias. Eles possuem horas reduzidas de aula,
professores recebem um salário digno, e, além disso, as lições de casa foram
abolidas e há um foco nos trabalhos em grupo, colaborativos, ao invés de objetivarem
na disputa por essa “inteligência” adotada por provas padronizadas. Há uma
preparação do jovem para ser um ser humano disposto a conviver em um meio
social, com a valorização da consciência e do psicológico de cada jovem. Mas a
melhor parte é que o resultado é mais efetivo do que qualquer outro país. Além
da Finlândia, países como Singapura estão evoluindo rapidamente, com criação de
programas escolares como Khan Academy.
Eu acredito
nesse mundo. Um mundo onde os peixes não são forçados em subir em árvores. Um
mundo onde, nós, seres humanos possamos ser valorizados pelo que realmente
somos. Porém, repito, isso não é uma utopia, é apenas um mundo mais justo,
focando-se no desenvolvimento do indivíduo.