A BASTILHA
Gilvan Teixeira
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blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Menos pomposa e conhecida do que a de Paris, a
Bastilha do Planalto Central quiçá tenha um destino parecido com a da capital
francesa. Tomada pelos ratos da República, a Bastilha tupiniquim tem servido de
palco não apenas a longos discursos vazios e mal escritos, mas à aprovação de
leis que reforçam o status quo perverso,
marginalizando a maior parte de nossa gente. Historicamente usurpada por uma
classe política eleita, muitas vezes, por meios espúrios, a Bastilha do
Planalto Central tem sido não fonte de esperança de um povo, mas de vergonha e
descrédito no presente e no porvir. Não por acaso, na calada da noite, leis são
gestadas e aprovadas, escarnecendo o interesse público e violentando,
despudoradamente, a vontade popular. Acastelados em seus interesses
inconfessáveis, acostumados a ardis e mesquinhas práticas, escondidas sob a
máscara do foro privilegiado, larápios de toda espécie infestam a Bastilha.
Enfiados em seus ternos bem alinhados, fajardos lotam os gabinetes. Estes, como
bueiros, exalam o mau cheiro das consciências corrompidas pela ganância. A mesa
farta da Bastilha, a contrastar com a fome do povo, só faz recrudescer a
ignominiosa contradição. Enquanto o contribuinte, o trabalhador, o produtor e o
empresário honesto veem o próprio suor escorrer pelo rosto e os vinténs fugirem
pelo sumidouro da insana carga tributária, facínoras regurgitam seus dólares em
contas secretas nos paraísos fiscais. Feito piranhas, os ocupantes da Bastilha,
com maestria e invejável agilidade, unem-se para rasgarem a carne do
brasileiro, num frenesi doentio e sem limite. É duvidar, sequer ficam os ossos para
contarem a história. Ideologias e siglas partidárias são postas de lado,
revelando o instinto assassino da bandalheira da Bastilha. Desdenham e traem o
eleitor, fazendo pouco caso das promessas de campanha. Feito vermes, não têm
palavra. Desonestos, indignos, repugnantes. Ao morrerem, não deixarão saudade e
a história há de sepultá-los na vala comum dos indigentes, não daqueles sem
posses, mas dos destituídos do maior patrimônio da pessoa humana, a saber, os
valores universais e atemporais da ética, verdade e hombridade. Fazem lembrar
não homens, mas moscas em torno da própria imundice. Seus perfumes caros,
automóveis potentes, coberturas luxuosas e rechonchudos saldos bancários são
insuficientes para torna-los verdadeiros homens e mulheres. Desmerecem a
Bastilha. Esta não é para eles. Desratizemos seus corredores e usemos de todos
os meios para torná-la um símbolo nacional. Pelo voto ou pelo fórceps,
extirpemos a praga que tomou conta da Bastilha. Esta é patrimônio do povo.
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