ROSAS, AINDA QUE COM ESPINHOS...
Gilvan Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Há muito, nossa cidade sente falta do frescor das
rosas. Estas, sufocadas pela insensibilidade fria do concreto e do asfalto,
parecem ter sucumbido. Contudo, feito a esperança, ainda que tênue, o perfume
das rosas resiste à maldade humana e teimosamente borrifa o ar com seu
inigualável cheiro. Mesmo o mais forte odor do chorume, resultante do engodo e da falta de ética, se mostra incapaz
de liquidar, por completo, a simples – mas poderosa – fragrância das rosas. Insuperáveis
na capacidade de encantarem, não são poucos os que tentam criar artifícios com
o vão intuito de imitá-las. Imbecis. Não sabem eles que a beleza das rosas
reside na simplicidade? Esta não tem preço. Rosas são belas não por serem
caras, mas por serem tão-somente rosas. Ao contrário dos vermes camaleônicos
que mudam de tez partidária conforme a direção do vento e de acordo com os
interesses espúrios e inconfessáveis, consubstanciados em projetos de poder, as
rosas permanecem firmes e resolutas. Esperam e querem ser aceitas como são:
rosas. Os espinhos são tidos por elas não como empecilho ou vergonha, mas como
virtude. Através deles, as rosas falam e sentem-se vivas. Como porta-vozes, os
espinhos nos fazem lembrar que somos homens, portanto mortais. Daí, quem sabe,
serem as rosas mal quistas pelos ditadores e por aqueles que se veem como
eternos. Impérios são desnudos ante o poder avassalador dos espinhos. Pode
alguém resistir à imperiosa verdade revelada pelas rosas? Cachoeirinha precisa mais
de rosas. As ruas escuras e tomadas pelo medo, enlameadas pelas drogas que
entorpecem e transformam gente em trapo, gritam por socorro. Indigentes, prostitutas,
trabalhadores e toda sorte de gente esquecida pela “mãe gentil”, feito gado no
abatedouro, lutam contra um destino aparentemente selado. O sorriso forçado e o
impecável traje do candidato estampado na foto ao fundo só faz esgaçar o vergonhoso
fosso entre governantes e governados. A quem pertence a cidade? Assim como as
rosas, homens e mulheres de bem foram perdendo espaço para homicidas, estupradores,
estelionatários, corruptos, traficantes e falsos políticos. Falsos porque fazem
da política ferramenta para enriquecimento próprio. Sevem-se do eleitor e
locupletam-se, fazendo do Estado meio para obtenção de vantagens sórdidas e mesquinhas.
Tamanho egocentrismo e ganância mal cabem no interior do terno alinhado. Brincam
e zombam da lei, sob o olhar embasbacado de um Judiciário pífio. Assim como as
rosas, homens e mulheres de bem existem não para serem ardilosamente manipulados.
Cachoeirinha precisa mais de rosas. Contagiem a cidade com sua beleza! Jamais seja
a delicadeza das rosas confundida com subserviência. Rosas são pétalas, mas
também espinhos! Afagam, mas também espetam! Fazem-se presentes entre
apaixonados e debutantes, mas também entre seguidores do féretro. Aparecem no
altar, mas também sobre a lápide. Invadam as rosas os espaços públicos! Ocupem
a Câmara e demais repartições públicas! Espalhem seu bálsamo sobre a política
da cidade, dando-lhe real significado e fazendo ressurgir a necessária e
indispensável esperança. Cachoeirinha precisa mais de rosas!
Texto forte!!Marcado pela identidade firme, inteligente e critica do meu amigo escritor.
ResponderExcluirUm super abraço!!!