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sábado, 19 de agosto de 2017

CACHORRO, SOMOS NÓS...

CACHORRO, SOMOS NÓS...
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Verdadeira ofensa à classe dos mammalias e à família dos canidaes, a declaração de um ministro do STF não surpreende. Deixa às claras o que há muito é sabido: o Judiciário, nem de perto, é sinônimo de ética ou credibilidade. Os mesmos vícios, que deveriam ser exemplarmente punidos pela caneta do magistrado, tangenciam a conduta de inúmeros juízes Brasil à fora, da primeira à última instância, da longínqua comarca do interior à mais alta Corte. Os valores trazidos na cartilha são letra-morta, sucumbem frente à consciência putrefata daqueles que usam a normativa jurídica para defesa de interesses escusos. Hermético é não apenas o “juridiquês”, mas o corporativismo doentio que, historicamente, vem sangrando os cofres públicos e cristalizando privilégios, em detrimento do interesse público. Donos de uma falsa moral, não são poucos os togados que, feito abutres, alimentam-se da carniça de um país combalido e sôfrego. Ao que tudo indica, fazendo uso da verborreia do ministro que acredita ser Deus, o Judiciário – não apenas, e eventualmente, o instituto do habeas corpus – tem, muito comumente, se tornado um “valhacouto de covardes”. O dito ministro, ao que tudo indica, parece também ter confundido a relação entre o cachorro e seu rabo. Precisa entender que ele, SERVIDOR PÚBLICO, é o “rabo”, enquanto quem o paga (a quem ele chama de “opinião pública”) é o “cachorro”.  Tantos anos enfiado em seu gabinete, embasbacado entre incontáveis benesses, talvez o tenha feito perder o sentido da dura realidade da maioria de nosso povo. Não se ponha a carreta na frente dos bois, “Excelência”! Não passas de um “rabinho”, pois que insignificante diante daquele que te dá sentido. Cachorro, e dos grandes, somos nós! Infelizmente, cachorro cotó, pois que, lamentável e vergonhosamente, o nosso “rabo” tem sido de pouca serventia. Apesar de viver às custas de seu dono, mais tem estorvado do que ajudado. Não abana e nem tampouco espanta as moscas. Não denota tristeza, dor ou felicidade. Faz lembrar o apêndice, só lembramos dele quando inflama. Passou da hora do rabo colocar-se no seu devido lugar, assim como o Judiciário no seu. Saia este do meio entre as pernas da malfadada República e cumpra, já, com seu papel. Urge refundarmos este país, saldando a imensa dívida com seus cidadãos, sequiosos por serviços públicos de qualidade, necessitados de justiça social e cansados de tamanha exploração.  

2 comentários:

  1. Excelente texto, caro colega. Só toma cuidado que o dito gosta de processar quem o contraria.

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    1. Dizem que cão que late não morde... O que sobre então para um ínfimo "rabo"? Abraço.

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