SALA DE AULA: PROTAGONISMO DE QUEM?
Prof. Gilvan
Teixeira
e-mail: profpreto@gmail.com
blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
Tem sido comum vermos nossos colegas, professores, “correndo”
errado dentro das quatro linhas do campo. Não surpreende, portanto, o cansaço,
estresse e péssimos resultados obtidos na sala de aula. Alunos distraídos,
indisciplinados, irrequietos, com rendimento muito aquém do razoável, beirando,
por vezes, a mais absoluta mediocridade. Gasta-se muita energia, sem o retorno
minimamente esperado. As baixas notas nas provas apenas corroboram o triste “círculo
vicioso”, onde todos perdem. Assim tem caminhado o ensino neste país. O abismo,
há muito deixou de estar “acolá”, sendo uma triste e presente realidade,
comprometendo a saúde do professor e lançando no lixo qualquer esperança acerca
de uma educação de qualidade. Inexistem receitas frente a desafios tão
complexos. Contudo, urge uma profunda reflexão a respeito do caótico quadro da
aprendizagem de nossos educandos, reflexão esta que precisa ser propositiva,
viável e, acima de tudo, construída de forma coletiva, deixando de lado velhos
e carcomidos ranços e apontando (apostando!) para um norte. Tamanho
envolvimento requer disposição, envolvimento, planejamento, investimento e uma
gestão competente, capaz de ouvir, contrapor e, sobretudo, agir, deixando de
lado o discurso vazio e, no caso das escolas privadas, às vezes, meramente
comprometido com a dita “saúde financeira” das referidas instituições. O
professor, por sua vez, tem um papel fundamental no processo de refundação do
ensino. Precisa repensar sua ação pedagógica, deixando, quiçá, de carregar a
pesada cruz que, muito comumente, tem sido colocada sobre seus ombros. O
protagonismo na sala de aula cabe a quem? Aqui, talvez, a principal pergunta a
ser feita e respondida quando da busca de uma melhor qualidade de ensino. Irônica
e contraditoriamente, o professor tem atribuído ao aluno um papel de
coadjuvante, estratégia esta, diga-se de passagem, por vezes inconsciente e não
dolosa. O educando, a maior parte do tempo, é levado ao anonimato, sumindo em
meio ao grande e irresponsável número de colegas. É, quase sempre, apenas um “número
na chamada” ao longo do dia, da semana, do mês, do ano letivo... Tem sido comum
vermos o professor jogar em todas as posições: planeja a aula, explica o
conteúdo, gasta a saliva à exaustão. Quando pergunta, ele mesmo responde. Enquanto
isso, o aluno segue ali, feito paisagem-morta, indiferente, sonolento,
descomprometido com aquele enredo que, para ele, “não lhe pertence”, “não lhe
diz respeito”. Campo fértil à tergiversação, conversas paralelas e completo
descaso com o desfecho da história. Há, porém, um raro momento – talvez, único –
em que o aluno é chamado a assumir o papel de protagonismo: a prova! Quase
sempre “individual” e “sem consulta”... Pode haver maior protagonismo do que
esse? Tal questionamento soaria como engraçado, não fosse trágico. Representa a
flagrante incoerência do processo ensino-aprendizagem levado a cabo na
esmagadora maioria das instituições de ensino, públicas e privadas. Espera-se
do aluno um protagonismo equivocado e inoportuno, frágil e traumatizante, mal
pensado e malfadado. Ao educando, cabe uma outra espécie de protagonismo, não
pontual ou esporádico, não simplista ou impessoal, não “fechado” ou cerceado.
Há de se buscar, isto sim, um protagonismo permanente e contundente, humano e
fraterno, amplo e franco. A escola, e a sala de aula de maneira particular,
precisa se transformar no verdadeiro palco da aprendizagem, conciliando os
currículos formal e oculto, lançando seus holofotes sobre aquele que deve ser,
de fato e de direito, seu principal ator: o aluno!