E.I
Gilvan Teixeira
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blog:
profgilvanteixeira.blogspot.com.br
As iniciais acima trazem à lembrança o Estado
Islâmico, mas também o Estado Irresponsável, o Estado Inconsequente, o Estado
Insano... O que têm eles em comum? Tudo! Inegável é a relação, por exemplo,
entre o avanço das ideias do Estado Islâmico e a miséria e vulnerabilidade da
população. A omissão do Estado e a precariedade dos serviços públicos são como
fermento que leveda a massa da revolta e indignação daqueles que diuturnamente
são vomitados para longe do bem-estar social. Quantas vidas foram ceifadas, ao
redor do mundo, pelo Estado Islâmico nos últimos doze meses? Quantas vidas, no
Brasil, foram tiradas, em igual período? Alguma dúvida sobre onde reside, de
fato, o maior perigo? A violência urbana neste país tem gerado consequências
infinitamente mais funestas do que o famigerado grupo terrorista. Computemos,
então, as vítimas do falido sistema de saúde e da carnificina do trânsito
brasileiro e veremos que o Estado Islâmico mais parece brincadeira de criança. Qual
o verdadeiro alcance do discurso odioso do Estado Islâmico para nós
brasileiros? Será maior do que o histórico engodo travestido em promessas de
nossas campanhas eleitorais? Quem mais mata, ameaça, oprime e aterroriza em
nossas terras? Quem mais alicia, mente, suborna e entorpece nossa gente? Será o
Estado Islâmico ou “nosso” (!?) Estado? Quem tem por triste hábito extorquir o
contribuinte por meio de uma insuportável carga tributária, sem a devida
contraprestação? Será o Estado Islâmico? Quem tem fechado os olhos à atávica
miséria de nosso povo? Quem tem assistido e garantido a manutenção de
privilégios corporativos de um grupo de togados e engravatados, sob o argumento
esfarrapado da “independência e autonomia dos Poderes”, enquanto a maioria de
nosso povo segue entregue às moscas? Será o Estado Islâmico? Quem alimenta a
impunidade por meio de leis falhas e um sistema prisional que mais faz lembrar
as masmorras medievais? Quem alija nossas crianças e jovens de uma educação de
qualidade? Quem faz vistas grossas à corrupção endêmica há muito enraizada nas
estruturas do poder? Será o Estado Islâmico? Quem confunde o público e o
privado? Quem coloca o interesse individual espúrio à frente do interesse
coletivo? Quem aniquila o direito e esperança de um povo? Quem surrupia
dinheiro público ou frauda licitações? Quem faz “parcerias” com o crime organizado?
Será o Estado Islâmico? Quem transforma o ente público em cabide de empregos,
tomado de CCs que, em regra, pouco mais fazem do que empunhar bandeirinhas em
período de campanha? Quem transforma repartições públicas em ilhas regadas a
leite e mel, enquanto quem paga a conta vegeta na fome e desesperança? Será o
Estado Islâmico? Quem fiscaliza as Agências Reguladoras que, salvo exceções,
não passam de redutos de apadrinhados? Quem cria e mantém o profundo fosso que
separa as poucas aposentadorias rechonchudas daquelas que são incapazes de
garantirem a subsistência mínima de milhões de velhinhos? Quem mantém e
fiscaliza as polícias que, muito comumente, ultrapassam o tênue limite do abuso
de poder ou se deixam levar pelo mundo do crime? Será o Estado Islâmico? Por
que então, toda preocupação com este último? Estamos tentando provar o “quê” e
para “quem”? Valem mais os olhos do “mundo” do que os de nosso povo? Enquanto o
aparato policial se debruça sobre criadores de galinhas do interior do Rio
Grande do Sul, as raposas seguem soltas. Enquanto o discurso oficial se volta
contra a etérea ameaça jihadista,
nosso país segue entregue à triste sorte. Até quando? O terrorismo
internacional precisa ser tratado com cuidado e responsabilidade, mas, não
tenho dúvidas, nem de perto é nosso maior problema!