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sábado, 26 de março de 2016

TERNEIRO MAMÃO


TERNEIRO MAMÃO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                No centro da atual e, ao que parece, interminável crise política que o país atravessa, o PMDB pousa como uma espécie de fiel da balança. Logo ele, um partido que – como nenhum outro – sempre esteve de braços dados com o Poder. Feito terneiro mamão, o Partido segue mamando nas tetas da República, dançando conforme a música. Amorfo ideologicamente, se prostitui em troca dos tão cobiçados “espaços” junto a ministérios, secretarias e autarquias. Não titubeia em mudar de cor, indo do vermelho marxista ao preto da suástica totalitária. Quiçá, uma técnica camaleônica de sobrevivência, apesar de vil e pouco confiável. Assim é que, por exemplo, o Partido atravessou o período da Ditadura, assumindo o papel de oposição “água-com-açúcar”, consentida (cooptada?) e, por isso, aceitável em tempos pretéritos. Entra governo e sai governo, lá está ele, o PMDB. Este está para o Brasil, assim como os ratos para o navio a pique ou como as baratas para o mundo assolado pela guerra. O PMDB tem se revelado um partido maquiavelicamente palaciano, comungando das orgias – pagas com dinheiro público! –, porém à espreita, sempre pronto a apear ante à fumaça que precede as eventuais mudanças de cetro. Trata-se de um Partido paradoxal: por um lado, obeso e robusto, espalhando seus tentáculos por incontáveis rincões deste país. Por outro, pífio e insosso, destituído de personalidade própria. Um Partido que pauta seu discurso na tênue ideia do “politicamente correto”, mas que, na prática, tem entre seus maiores “caciques” grandes vultos da pérfida e asquerosa história política deste país. Jamais ousou cortar na própria carne. Optou pelo (des)caminho da manutenção de privilégios, confusão entre público e privado, bem como pelas práticas eleitorais espúrias, onde prevalece o poder econômico a contrastar com a atávica fome que assola nosso povo. Como víbora, o PMDB troca de pele. Por vezes, ainda, assume ares de cordeiro, ainda que a catinga denuncie a raposa que ali se esconde. É este o PMDB que temos. É este o PMDB que ameaça romper com o governo. É este o PMDB que vem se aproximando dos que defendem o impeachment. É este o PMDB que, uma vez consumado o sepultamento deste (des)governo sórdido, não vê a hora de assumir o trono. Será a crise ética apenas do PT? Ao que se vê, soa evidente que não! Diz respeito a todas (ou quase todas) as agremiações partidárias, independentemente do matiz ideológico. Serão os partidos criações diabólicas ou, ao contrário, refletem a natureza humana? A bagunça político-partidária do Brasil é, sem dúvida, produto de nossa própria miséria no que tange à ética e aos valores. Estes diuturnamente são vilipendiados, “negociados”, negligenciados... Esperamos o quê em troca? Partidos confiáveis pressupõem filiados confiáveis. Filiados éticos pressupõem cidadãos éticos. Quem são os “políticos”, senão nós mesmos? Eleitos e eleitores fazem parte de uma mesma moeda, portanto indissociáveis, obrigatoriamente cúmplices e solidários. Mal ou bem, o sistema partidário-representativo ainda é o melhor caminho para perfectibilização da democracia. Assim, os partidos políticos precisam, neste país, passar por uma profunda reflexão propositiva, depurando seus quadros, zelando por condutas probas, cumprindo com suas promessas de campanha, afastando-se de qualquer espécie de conluio (travestido, às vezes, em “governabilidade”...), clareando e tornando factíveis suas teses. Sirva a presente crise política como pira expiatória para repensarmos NOSSA conduta, de modo a termos não apenas um PMDB, mas também um PT, DEM, PSB, PCB, PSDB ... melhores e em consonância com a busca do verdadeiro desenvolvimento econômico e social de nossa terra.