Translate

terça-feira, 28 de março de 2017

FRATERNIDADE: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA


FRATERNIDADE: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA
Gilvan Teixeira
 Blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br
 
 
            A Campanha da Fraternidade 2017, assim como a do ano anterior, vem ao encontro não apenas de nosso componente curricular, a Geografia, mas de todos os demais. É um convite à reflexão propositiva. O tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” ultrapassa a mera questão teórica e sacode a consciência de cada um de nós, queridos ouvintes. Longe de ser uma discussão “pedante” e “acadêmica”, a preocupação com nossos biomas é, sobretudo, a preocupação com o próprio homem. Diz respeito à minha e à tua vida, meu amado. Diz respeito à nossa família e à nossa comunidade. Diz respeito, ainda às futuras gerações. O que temos feito com o espaço onde nascemos, trilhamos e descansamos nossa cabeça? Qual é o tratamento que temos dispensado ao meio em que vivemos? O que temos feito das maravilhosas dádivas que, ao longo da história, Deus tem colocado a nossa disposição? Como tem sido a relação da maior obra-prima divina, o homem, com seu espaço? Formados à semelhança de Deus, contudo, ao contrário do Criador, temos agido temerária, irresponsável e despotamente. Muito comumente, colocamos nossa razão a serviço de um hedonismo doentio, narcísico e materialista, nos distanciando dos mais elementares ensinamentos de Deus. Nosso olhar estrábico há muito vem se rendendo à catarata da indiferença, fazendo pouco caso dos frutos do amor. Dom Jaime, num encontro de escolas católicas, foi enfático ao lembrar que a maior crise da atualidade é de ordem “antropológica”, ou seja, uma crise de valores. O pano de fundo, sombrio e funesto, por detrás da “coisificação” do ser humano é o mesmo que tangencia a perversa relação entre o homem e seu espaço. Sofrem os biomas brasileiros, de norte a sul, do nascente ao poente. Ameaçados estão não apenas os recursos naturais, a fauna e a flora, mas também o próprio homem e suas mais diferentes culturas. Afinal, homem e meio são indissociáveis. Há como que uma imbricação necessária entre ambos. Pensar em dignidade da pessoa humana sem perpassar pela questão “espacial” soa como estranho e nada inteligente. Grandes ações são necessárias? Sim. Políticas de Estado e de governo são, por certo, bem-vindas. Investimentos em educação, saneamento, mobilidade urbana, reflorestamento, uso racional dos recursos naturais, etc.. Contudo, a mais urgente e eficaz mudança é “cultural”, comunitária, familiar, individual. Começa por mim, por ti, por nós, caros ouvintes. Façamos a nossa parte. Comecemos por nossa casa, trabalho, escola. Comecemos, sobretudo, pela forma como nos relacionamos com o outro, amando, valorizando, respeitando... Ao fazê-lo, aí sim estaremos prontos a compreender o verdadeiro significado dos biomas, bem como nossa inserção e relação com os mesmos.

sábado, 4 de março de 2017

O ESTADO CAFETÃO


O ESTADO CAFETÃO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


Para que serve, ou deveria servir, o Estado no mundo moderno? O Estado no Brasil há muito tem se convertido num grande cafetão, onde a maioria de nós – populacho, assalariados, servidores públicos mal pagos –, feito prostitutas, vemos nossos corpos serem explorados e maltratados pela aspereza da vida. Como vis mercadorias, somos lançados nos porões escuros e abjetos, até que a morte – pois que, cada vez mais, a parca aposentadoria tarda em chegar... – usurpe o último suspiro. Somos vilipendiados, abusados, extorquidos diuturnamente pelo Estado. Enquanto este último se apropria dos vinténs, resta às marafonas as tristes marcas do coito forçado. Sob o olhar indiferente e cúmplice do Judiciário, as raparigas são enganadas e judiadas. Poderia ser diferente, uma vez que a toga é garantidora de privilégios e deferências? Enquanto fede o prostíbulo, resultado de uma história de descaso, a dita Casa do Povo vê desfilar parlamentares em seus ternos alinhados, cercados de um exército de puxa-sacos que pouco mais sabem do que balbuciarem algumas palavras e tremularem suas bandeirinhas em período de campanha. Faltam às rameiras verdadeiros representantes. Como cafetão, o Estado acredita ser dono de nossos corpos. É sustentado por nós, sem nenhuma contrapartida, salvo algumas migalhas travestidas em hospitais, escolas, estradas e presídios sucateados. Como cafetão, o Estado bebe e come às custas do suor de “suas” vadias. Não satisfeito, sem parcimônia, usa da brutalidade sempre que as putas resolvem protestar. Cassetete, gás lacrimogênio, bala de borracha... Vez por outra, o algoz muda de estratégia. Usa a propaganda, paga, ironicamente, pelas próprias vítimas. Tenta confundir o público, buscando fazê-lo acreditar que “cidade” e “prostíbulo” são coisas distintas. O Estado, no Brasil, definitivamente, não nos representa! Somos um país acéfalo, sem verdadeira governança. O “Poder” não é público, mas atende a interesses privados. Executivo, Legislativo e Judiciário não passam de redutos de interesses espúrios e corporativos, tendo se tornado um fim em si mesmo. É a “casa” balançar, sob as intempéries de uma famigerada e duvidosa “crise”, o cafetão lança a culpa sobre as prostitutas. Usa de alguns jargões como se fossem mágicos e capazes de reverterem a incompetência crônica. “Meritocracia”, “gabinete popular”, “enxugamento da máquina”... Eufemismos a escamotearem a perversa intenção de estourar a corda do lado mais frágil. Enquanto o Estado cafetão se lambuza com seus privilégios e fartos manjares, perpetuados pela promíscua troca de favores partidários, as prostitutas lutam contra a desesperança e, muito comumente, se deixam levar pela lábia cafetina. Existem, ainda, aquelas que, numa espécie de “síndrome de Estocolmo”, desenvolvem uma doentia admiração pelo cafetão, deixando-se cooptar por um prato de lentilhas. Vadias, uni-vos! Rompamos os atávicos grilhões que amordaçam nossos sonhos. Subvertamos o status quo asqueroso que sustenta o cafetão, enfraquecendo-o e levando-o à míngua. Tomemos o prostíbulo e façamos dele um lugar limpo, justo e decente, onde todos sejam, de fato, iguais perante a lei, togados ou não, letrados ou não, alinhados ou não. Construamos um Estado, de fato, democrático, avesso a privilégios injustificados e intolerante com toda espécie de larápio, ainda que sob a forma de um cafetão.