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sábado, 1 de julho de 2017

O GRANDE LIXÃO DO PLANALTO CENTRAL

O GRANDE LIXÃO DO PLANALTO CENTRAL
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Surpreende a decisão do STF em permitir que um Senador da República, até então afastado por flagrante envolvimento em crime, retornasse ao convívio com seus pares no Congresso Nacional? Acredito que não! Mais do que isso, a decisão do Ministro do Supremo vem ao encontro da lógica e da coerência, afinal, lugar de lixo onde é, senão na lixeira? Brasília, e o que ela representa, é o grande lixão nacional. A cidade fede. O chorume nauseantemente fétido corre pelas ruas e avenidas largas da capital federal. A mistura de togas prepotentes, caras fatiotas e ternos imponentes, todos eles a contrastarem com a roupa maltrapilha de quem paga a vergonhosa conta, exala a inhaca típica da histórica sujeira sob o tapete da malfadada República. Sobrevoando Brasília, além de jatinhos movidos à propina e troca de favores espúrios, revoadas de cupins e urubus. Enquanto os primeiros consomem, sorrateiramente, os alicerces da democracia, os segundos lambuzam os bicos com a carniça resultante de tantos sonhos destruídos. O lixão de Brasília é lugar predileto, ainda, dos incontáveis ratos, estes das mais variadas cores e pretensas ideologias. Infestam os salões e plenários, deixando o inconfundível e malcheiroso rastro por onde passam. Sentem-se em casa, tomam conta da tribuna e – pasmem – ousam tecer discursos em nosso nome. Brasília está jogada às moscas. Nasceu assim, cresceu assim, é mesmo assim, mas será sempre assim? A maldição de Gabriela estará selada? Os seres vis, abjetos e infames que tomaram conta de Brasília acreditam que sim. Locupletam-se, por isso, às custas de qualquer pudor, pois acreditam e apostam na impunidade, no “jeitinho”, nas brechas da legislação, na caneta da magistratura e em tantos outros subterfúgios típicos de uma republiqueta que desconhece o verdadeiro Estado democrático de Direito. Confundem, e tentam nos fazer confundir, “contraditório” com “protelatório”, “ampla defesa” com “safadeza”, “transitado em julgado” com “a perder de vista”... Enquanto isso, a saúde do eleitor, do contribuinte, do trabalhador, da gente honesta, enfim, da maioria – quase sempre silenciosa, feito gado no brete pronto para o abate – vai de mal a pior. Esvaem-se não apenas as forças, mas a seiva da esperança e a crença de que seja possível um país melhor. Ponha-se fim, portanto, ao lixão. Salvem-se os dedos, ainda que, para isso, perca-se o anel entalado no coração do país. Anel que soa como ouro, pavoneia-se como joia, mas que, no fundo, representa o que temos de pior, mais desumano, degradante e vexatório. Verdadeiro lixão no Planalto Central.  

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