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quarta-feira, 28 de junho de 2017

SALA DE AULA: PROTAGONISMO DE QUEM?

SALA DE AULA: PROTAGONISMO DE QUEM?
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Tem sido comum vermos nossos colegas, professores, “correndo” errado dentro das quatro linhas do campo. Não surpreende, portanto, o cansaço, estresse e péssimos resultados obtidos na sala de aula. Alunos distraídos, indisciplinados, irrequietos, com rendimento muito aquém do razoável, beirando, por vezes, a mais absoluta mediocridade. Gasta-se muita energia, sem o retorno minimamente esperado. As baixas notas nas provas apenas corroboram o triste “círculo vicioso”, onde todos perdem. Assim tem caminhado o ensino neste país. O abismo, há muito deixou de estar “acolá”, sendo uma triste e presente realidade, comprometendo a saúde do professor e lançando no lixo qualquer esperança acerca de uma educação de qualidade. Inexistem receitas frente a desafios tão complexos. Contudo, urge uma profunda reflexão a respeito do caótico quadro da aprendizagem de nossos educandos, reflexão esta que precisa ser propositiva, viável e, acima de tudo, construída de forma coletiva, deixando de lado velhos e carcomidos ranços e apontando (apostando!) para um norte. Tamanho envolvimento requer disposição, envolvimento, planejamento, investimento e uma gestão competente, capaz de ouvir, contrapor e, sobretudo, agir, deixando de lado o discurso vazio e, no caso das escolas privadas, às vezes, meramente comprometido com a dita “saúde financeira” das referidas instituições. O professor, por sua vez, tem um papel fundamental no processo de refundação do ensino. Precisa repensar sua ação pedagógica, deixando, quiçá, de carregar a pesada cruz que, muito comumente, tem sido colocada sobre seus ombros. O protagonismo na sala de aula cabe a quem? Aqui, talvez, a principal pergunta a ser feita e respondida quando da busca de uma melhor qualidade de ensino. Irônica e contraditoriamente, o professor tem atribuído ao aluno um papel de coadjuvante, estratégia esta, diga-se de passagem, por vezes inconsciente e não dolosa. O educando, a maior parte do tempo, é levado ao anonimato, sumindo em meio ao grande e irresponsável número de colegas. É, quase sempre, apenas um “número na chamada” ao longo do dia, da semana, do mês, do ano letivo... Tem sido comum vermos o professor jogar em todas as posições: planeja a aula, explica o conteúdo, gasta a saliva à exaustão. Quando pergunta, ele mesmo responde. Enquanto isso, o aluno segue ali, feito paisagem-morta, indiferente, sonolento, descomprometido com aquele enredo que, para ele, “não lhe pertence”, “não lhe diz respeito”. Campo fértil à tergiversação, conversas paralelas e completo descaso com o desfecho da história. Há, porém, um raro momento – talvez, único – em que o aluno é chamado a assumir o papel de protagonismo: a prova! Quase sempre “individual” e “sem consulta”... Pode haver maior protagonismo do que esse? Tal questionamento soaria como engraçado, não fosse trágico. Representa a flagrante incoerência do processo ensino-aprendizagem levado a cabo na esmagadora maioria das instituições de ensino, públicas e privadas. Espera-se do aluno um protagonismo equivocado e inoportuno, frágil e traumatizante, mal pensado e malfadado. Ao educando, cabe uma outra espécie de protagonismo, não pontual ou esporádico, não simplista ou impessoal, não “fechado” ou cerceado. Há de se buscar, isto sim, um protagonismo permanente e contundente, humano e fraterno, amplo e franco. A escola, e a sala de aula de maneira particular, precisa se transformar no verdadeiro palco da aprendizagem, conciliando os currículos formal e oculto, lançando seus holofotes sobre aquele que deve ser, de fato e de direito, seu principal ator: o aluno!