Translate

domingo, 4 de dezembro de 2016

A BASTILHA



A BASTILHA
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

                Menos pomposa e conhecida do que a de Paris, a Bastilha do Planalto Central quiçá tenha um destino parecido com a da capital francesa. Tomada pelos ratos da República, a Bastilha tupiniquim tem servido de palco não apenas a longos discursos vazios e mal escritos, mas à aprovação de leis que reforçam o status quo perverso, marginalizando a maior parte de nossa gente. Historicamente usurpada por uma classe política eleita, muitas vezes, por meios espúrios, a Bastilha do Planalto Central tem sido não fonte de esperança de um povo, mas de vergonha e descrédito no presente e no porvir. Não por acaso, na calada da noite, leis são gestadas e aprovadas, escarnecendo o interesse público e violentando, despudoradamente, a vontade popular. Acastelados em seus interesses inconfessáveis, acostumados a ardis e mesquinhas práticas, escondidas sob a máscara do foro privilegiado, larápios de toda espécie infestam a Bastilha. Enfiados em seus ternos bem alinhados, fajardos lotam os gabinetes. Estes, como bueiros, exalam o mau cheiro das consciências corrompidas pela ganância. A mesa farta da Bastilha, a contrastar com a fome do povo, só faz recrudescer a ignominiosa contradição. Enquanto o contribuinte, o trabalhador, o produtor e o empresário honesto veem o próprio suor escorrer pelo rosto e os vinténs fugirem pelo sumidouro da insana carga tributária, facínoras regurgitam seus dólares em contas secretas nos paraísos fiscais. Feito piranhas, os ocupantes da Bastilha, com maestria e invejável agilidade, unem-se para rasgarem a carne do brasileiro, num frenesi doentio e sem limite. É duvidar, sequer ficam os ossos para contarem a história. Ideologias e siglas partidárias são postas de lado, revelando o instinto assassino da bandalheira da Bastilha. Desdenham e traem o eleitor, fazendo pouco caso das promessas de campanha. Feito vermes, não têm palavra. Desonestos, indignos, repugnantes. Ao morrerem, não deixarão saudade e a história há de sepultá-los na vala comum dos indigentes, não daqueles sem posses, mas dos destituídos do maior patrimônio da pessoa humana, a saber, os valores universais e atemporais da ética, verdade e hombridade. Fazem lembrar não homens, mas moscas em torno da própria imundice. Seus perfumes caros, automóveis potentes, coberturas luxuosas e rechonchudos saldos bancários são insuficientes para torna-los verdadeiros homens e mulheres. Desmerecem a Bastilha. Esta não é para eles. Desratizemos seus corredores e usemos de todos os meios para torná-la um símbolo nacional. Pelo voto ou pelo fórceps, extirpemos a praga que tomou conta da Bastilha. Esta é patrimônio do povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário