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sexta-feira, 22 de julho de 2016

E.I


E.I
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                As iniciais acima trazem à lembrança o Estado Islâmico, mas também o Estado Irresponsável, o Estado Inconsequente, o Estado Insano... O que têm eles em comum? Tudo! Inegável é a relação, por exemplo, entre o avanço das ideias do Estado Islâmico e a miséria e vulnerabilidade da população. A omissão do Estado e a precariedade dos serviços públicos são como fermento que leveda a massa da revolta e indignação daqueles que diuturnamente são vomitados para longe do bem-estar social. Quantas vidas foram ceifadas, ao redor do mundo, pelo Estado Islâmico nos últimos doze meses? Quantas vidas, no Brasil, foram tiradas, em igual período? Alguma dúvida sobre onde reside, de fato, o maior perigo? A violência urbana neste país tem gerado consequências infinitamente mais funestas do que o famigerado grupo terrorista. Computemos, então, as vítimas do falido sistema de saúde e da carnificina do trânsito brasileiro e veremos que o Estado Islâmico mais parece brincadeira de criança. Qual o verdadeiro alcance do discurso odioso do Estado Islâmico para nós brasileiros? Será maior do que o histórico engodo travestido em promessas de nossas campanhas eleitorais? Quem mais mata, ameaça, oprime e aterroriza em nossas terras? Quem mais alicia, mente, suborna e entorpece nossa gente? Será o Estado Islâmico ou “nosso” (!?) Estado? Quem tem por triste hábito extorquir o contribuinte por meio de uma insuportável carga tributária, sem a devida contraprestação? Será o Estado Islâmico? Quem tem fechado os olhos à atávica miséria de nosso povo? Quem tem assistido e garantido a manutenção de privilégios corporativos de um grupo de togados e engravatados, sob o argumento esfarrapado da “independência e autonomia dos Poderes”, enquanto a maioria de nosso povo segue entregue às moscas? Será o Estado Islâmico? Quem alimenta a impunidade por meio de leis falhas e um sistema prisional que mais faz lembrar as masmorras medievais? Quem alija nossas crianças e jovens de uma educação de qualidade? Quem faz vistas grossas à corrupção endêmica há muito enraizada nas estruturas do poder? Será o Estado Islâmico? Quem confunde o público e o privado? Quem coloca o interesse individual espúrio à frente do interesse coletivo? Quem aniquila o direito e esperança de um povo? Quem surrupia dinheiro público ou frauda licitações? Quem faz “parcerias” com o crime organizado? Será o Estado Islâmico? Quem transforma o ente público em cabide de empregos, tomado de CCs que, em regra, pouco mais fazem do que empunhar bandeirinhas em período de campanha? Quem transforma repartições públicas em ilhas regadas a leite e mel, enquanto quem paga a conta vegeta na fome e desesperança? Será o Estado Islâmico? Quem fiscaliza as Agências Reguladoras que, salvo exceções, não passam de redutos de apadrinhados? Quem cria e mantém o profundo fosso que separa as poucas aposentadorias rechonchudas daquelas que são incapazes de garantirem a subsistência mínima de milhões de velhinhos? Quem mantém e fiscaliza as polícias que, muito comumente, ultrapassam o tênue limite do abuso de poder ou se deixam levar pelo mundo do crime? Será o Estado Islâmico? Por que então, toda preocupação com este último? Estamos tentando provar o “quê” e para “quem”? Valem mais os olhos do “mundo” do que os de nosso povo? Enquanto o aparato policial se debruça sobre criadores de galinhas do interior do Rio Grande do Sul, as raposas seguem soltas. Enquanto o discurso oficial se volta contra a etérea ameaça jihadista, nosso país segue entregue à triste sorte. Até quando? O terrorismo internacional precisa ser tratado com cuidado e responsabilidade, mas, não tenho dúvidas, nem de perto é nosso maior problema!

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