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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

OS ÚLTIMOS DOZE ANOS DA MINHA VIDA


Os Últimos Doze Anos da Minha Vida

Eu entrei para o Instituto de Educação São Francisco em 2003, na época eu tinha 5 anos. Se me lembro bem, não era o local onde eu mais gostaria de estar naquele momento, não porque eu estava em uma escola, mas porque eu tinha que deixar o ambiente onde eu tinha passado outros anos da minha vida: a creche (ou escola de educação infantil, como preferem chamar hoje em dia). Essa transição foi, com certeza, complicadíssima, mas aos poucos fui percebendo que todas as crianças também estavam passando por isso; com exceção de um outro, estávamos todos em um mundo novo. E então relaxei.
Uma coisa nunca me esqueço: eu queria ser “os grandes”, sabe aquelas crianças da primeira série que tinham incríveis mochilas de rodinha e alguns (no máximo dois) cadernos dentro? Eu queria ser como eles. Na minha escola tinha uma área dedicada aos pequenos da educação infantil, um pouco afastada do resto, mas para chegar lá era preciso atravessar todo o colégio. Dividindo essas duas áreas existia um grande portão azul (pelo menos eu achava imenso) e eu passava algum tempo atrás do portão olhando as crianças da primeira série, desejando ser como eles e dizendo constantemente para meus pais: “um dia vou ser ‘dos grandes’, um dia vou estar do lado de lá do portão”.
Não demorou muito, dois anos depois eu era “dos grandes”.
Recordo-me de algumas gincanas, as professoras das crianças pequenas sempre foram muito mais loucas do que qualquer professor de matemática ou física e parte da diversão daqueles dias cabia à elas, faziam de forma fantástica, é claro. Lembro-me também da participação de alguns pais agitados e barulhentos na caminhada da paz – que encerrava a Gincana São Francisco.
Falando em caminhada da paz... No início dos anos 2000, existia outro fator que dividia a escola: de onde a turma partiria da caminhada. Bom, as crianças pequenas não tinham condições de caminhar muito, acredito eu, por isso, partíamos do São Francisco Santa Fé (na época, Monsenhor); os mais velhos, a partir da quinta série até o último ano ensino médio partiam do Instituto de Educação São Francisco e paravam em frente ao Monsenhor esperando as crianças; de onde todos dirigiam-se ao Instituto e a caminhada era finalizada. Desde a primeira caminhada que participei, eu esperava os alunos vindo do Instituto com um único desejo e dizendo para meus pais: “um dia vou ser ‘dos grandes’, um dia vou estar vindo do Instituto e passarei aqui para as crianças entrarem na caminhada e depois voltaremos para lá”.
Não demorou muito, cheguei à quinta série. A partir daquele ano, então, sairia do Instituto na caminhada da paz todos os anos até terminar de cursar a escola; eu estava contente. A partir desse momento, minha história escolar começou a andar a passos largos: sexta, sétima, oitava série...
Em 2012, após dez anos de São Francisco, estava no último do ensino fundamental, me preparando para os três anos finais da minha trajetória na escola. A oitava série foi um pouco dolorida, o momento de separação de muitos colegas e o fim de uma fase muito longa, oito anos. Olhando para o passado hoje é curioso que estivéssemos felizes porque faltaria a partir de 2013 somente 3 anos para acabar a escola e estaríamos livres; e atualmente, se pudéssemos voltar ao menos um dia o faríamos, para ter a certeza absoluta que aproveitamos essa fase da vida.
Enfim, o ensino médio – o início da fase final. Todos os alunos que tive a oportunidade de conversar a respeito, acreditam que suas vidas estudantis mudaram no primeiro ano do ensino médio, em parte por causa da diferença no nível de cobrança, em parte pela dificuldade aumentada nos conteúdos e principalmente por um trabalho. Tal tarefa era vista como o marco do ensino médio, ficava assustado de ter que o fazer, era o famoso trabalho de Cidadania. Em frente a uma banca de três ou quatro professores, os alunos deveriam apresentar o trabalho que fora realizado praticamente o ano inteiro – até hoje é realizado, com pouquíssimas mudanças em sua estrutura. Toda a situação foi um desafio, mas após aquele trabalho senti que estava mais preparado para a vida e para a fase que viria a seguir quando acabasse a escola – a faculdade.
Seguiu o segundo ano, então. Alguns amigos e eu fundamos o Clube do Café da Manhã na escola, uma clara referência ao filme da década de oitenta – The Breakfast Club. A ideia era um clube cultural onde iríamos relacionar o cinema, a música, a televisão e a arte ao nosso dia-a-dia estudantil, fosse com o ambiente escolar e a convivência social ou com os conteúdos estudados propriamente ditos. Por alguns dias corremos atrás de professores para conseguir o apoio, distribuindo cópias do projeto e convocando alunos. Apesar do sucesso da fundação e de alguns encontros proveitosos, o projeto não foi adiante e morreu no fim daquele mesmo ano, por causa da falta de apoio da escola – por vezes, parecia que ninguém sabia o que fazíamos nas tardes de segunda-feira no colégio e os que sabiam, sentíamos que não tinham a real ideia do potencial daquele projeto.
Terceirão - terceiro ano do ensino médio e o último ano da escola. Doze anos estudando na mesma instituição, vendo os mesmos funcionários diariamente, entrando e saindo de salas parecidíssimas, sabendo ir de qualquer lugar a outro e saber exatamente onde se encontra cada coisa. Acontece que em algum momento isso tudo acaba e diferente do que pensava quando estava na oitava série, não é tão prazeroso o fim, chega a ser doloroso e amedrontador, na verdade. A escola foi sempre o lugar aconchegante para onde eu voltava todo início de ano, e nas próximas férias que eu tiver, não é para lá que vou. O fato é que quando estava no início dessa jornada, o fim era tão distante que parecia impossível; quando estava na metade nada mais importava do que chegar ao final; e agora que está acabando, se pudesse voltar alguns dias faria.
E em 2015, em nenhum momento eu pensei nisso, não pensei em voltar ao passado, não relembrei o que vivi com nostalgia, não pensei em como seria o próximo ano sem voltar ao São Francisco. Não pensei em nada disso, porque a ficha demorou muito tempo para cair. Relembrei minha história de estudante e revivi minhas memórias após um dia: a minha última caminhada; lá estava eu na turma 31, finalizando a caminhada da paz. Junto a 32, erámos as duas turmas que acabavam a escola naquele ano, éramos os últimos; e eu que por tantos anos desejei ser “os grandes” era agora o “grande” máximo que poderia chegar. Enfim, acabou.


Thomas Canal

OBS: A responsabilidade sobre o texto acima é do autor. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

PEDRA FUNDAMENTAL


PEDRA FUNDAMENTAL
Prof. Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



           Feliz é aquele que edifica sua casa sobre a rocha. Por maiores que sejam as intempéries e por mais sombrias que sejam as nuvens, a morada permanece incólume. O lançamento da “Pedra Fundamental” da mais nova unidade da Rede de Escolas São Francisco marca, primeiro, a parceria entre esta e a Prefeitura Municipal de Gravataí. Marca, ainda, a crença de que o desenvolvimento econômico e social passa, obrigatória e necessariamente, pelo investimento em educação de qualidade, afinal “cuidar das pessoas faz uma cidade melhor”. Pode haver melhor demonstração de cuidado do que formar “seres humanos, felizes, sadios e prósperos”? Mais do que a justaposição de slogans, a iniciativa representa imensurável acréscimo ao Município, contribuindo na formação de sujeitos críticos, participativos, solidários e comprometidos com o bem-comum. A nova escola trará para Gravataí a experiência de mais de meio século na área do ensino, experiência esta permeada de sucesso reconhecido no Brasil e no exterior. Os incontáveis prêmios coroam, acima de tudo, o árduo trabalho dos excelentes profissionais que, pautados numa gestão eficiente, moderna e responsável, veem o educando como o “bem” principal, maior patrimônio do processo ensino-aprendizagem. Tamanho sucesso deve-se, ainda, ao incessante e permanente diálogo com as famílias e a comunidade em geral, partindo-se da premissa de que a educação de nossas crianças e jovens é responsabilidade de todos. A Rede de Escolas São Francisco traz para o Município não apenas um know-how em educação cristã de qualidade, assentada numa formação cognitiva e humana, mas, também, o compromisso social consubstanciado em ações efetivas, especialmente junto aos que mais necessitam. A “Pedra Fundamental”, assim como as raízes de uma frondosa árvore, coroa a aposta no presente e no porvir, mas, sobretudo, no homem, pois – como bem diz um conhecido provérbio – “quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”. Votos, portanto, de muito sucesso e parabéns pela iniciativa!