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sábado, 18 de abril de 2015

MALHANDO TRIGO NO LAGAR?


MALHANDO TRIGO NO LAGAR?
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Lugar de malhar trigo era na eira, lugar amplo e arejado, para que as impurezas fossem lançadas para longe, ficando somente o que era bom. O lagar, por outro lado, constituía-se num lugar escuro, escondido e de acesso bastante limitado, onde a uva era pisada. Assim como Gideão, um dos “juízes” de Israel, muitos são os que escondem sua autoridade nos “lagares” da vida. Pais, mães, educadores e educadoras, por exemplo, demonstram medo de exercerem o papel de ascendência que deles se espera. Autoridade esta que, por óbvio, não se confunde com tirania ou autoritarismo. Como o personagem bíblico, muitos são os genitores e professores que, acuados e amedrontados, parecem duvidar do “chamado” ético que lhes diz respeito. A visão turva, coberta pela catarata de um falso conceito de “modernidade”, tem colocado em risco gerações inteiras, estas cada vez mais presas ao terreno movediço das drogas, do engodo, da leviandade, do desrespeito, da indisciplina, da preguiça e, muito comumente, da criminalidade. O temor ou inabilidade de malhar o trigo na eira, às claras, portanto, tem levado muitos a optarem pelo breu dos lagares escorregadios, onde o artifício do relativismo doentio busca justificar o injustificável. Assim, malcriação, mentira, furto, agressão física, ofensa moral, consumo de álcool e de entorpecentes são vistas e tratadas com leniência, como se naturais e aceitáveis fossem. Apoiados em algumas teorias “psicanalíticas” e “pedagógicas” insanas e irresponsáveis, acabam muitos pais e professores, por exemplo, fazendo vistas grossas ao problema. Delegam ao “tempo” a responsabilidade que lhes é inerente, o mesmo tempo que muito provavelmente irá mostrar, ainda que tardiamente, o quanto estavam errados. Ora, o tempo, por si só, não educa. Somente ações efetivas, posturas exemplares, modelos seguros e confiáveis, palavras firmes, cobranças permanentes e salutar cumplicidade com a sorte dos rebentos são capazes de educar. O amor exigente é que educa, ao contrário da condescendência cega. Assim como não basta o vento para separar o trigo de sua casca, soa como ingênuo lançar sobre o tempo a educação de nossas crianças e jovens. Malhar o trigo exige disposição, iniciativa, bem como trabalho duro e persistente. Educar, da mesma forma. A casca, assim como as dificuldades e tendências talvez “inatas” do ser humano, precisa ser “malhada”. Negá-la ou mantê-la como se útil fosse para o uso do trigo não parece razoável. O ato de educar não deve ser terceirizado, mas assumido com responsabilidade. Pais não têm o direito ético, moral e legal de lançarem sobre os ombros de outrem a obrigação que lhes compete. A escola e o Poder Público, da mesma forma, resguardadas as atribuições de cada um. Urge colocarmos a educação de nossas crianças e adolescentes na eira. Abandonemos o covarde papel inicial de Gideão, mas como ele, viremos o jogo e, de forma corajosa, vençamos a difícil, porém necessária, peleja em prol daqueles quem mais amamos.

Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=940ecc768099e35917344cd69eef5774



2 comentários:

  1. Exelente texto! Ações que não contribuem em nada para a educação. Até que ponto esta história de esperar o tempo de cada um realmente contribui para o crescimento.
    Abraços

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  2. Como estás? A família, bem? Infelizmente, não são poucos os pais,por exemplo, que parecem esperar que a sorte, o acaso ou algo do além eduque seus filhos. Urge assumirmos nosso papel de pais/educadores, jamais abrindo mão da autoridade, pautando nossas ações no respeito, amor, coerência e compromisso com as gerações mais novas. Abraço saudoso.

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