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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

OS ÚLTIMOS DOZE ANOS DA MINHA VIDA


Os Últimos Doze Anos da Minha Vida

Eu entrei para o Instituto de Educação São Francisco em 2003, na época eu tinha 5 anos. Se me lembro bem, não era o local onde eu mais gostaria de estar naquele momento, não porque eu estava em uma escola, mas porque eu tinha que deixar o ambiente onde eu tinha passado outros anos da minha vida: a creche (ou escola de educação infantil, como preferem chamar hoje em dia). Essa transição foi, com certeza, complicadíssima, mas aos poucos fui percebendo que todas as crianças também estavam passando por isso; com exceção de um outro, estávamos todos em um mundo novo. E então relaxei.
Uma coisa nunca me esqueço: eu queria ser “os grandes”, sabe aquelas crianças da primeira série que tinham incríveis mochilas de rodinha e alguns (no máximo dois) cadernos dentro? Eu queria ser como eles. Na minha escola tinha uma área dedicada aos pequenos da educação infantil, um pouco afastada do resto, mas para chegar lá era preciso atravessar todo o colégio. Dividindo essas duas áreas existia um grande portão azul (pelo menos eu achava imenso) e eu passava algum tempo atrás do portão olhando as crianças da primeira série, desejando ser como eles e dizendo constantemente para meus pais: “um dia vou ser ‘dos grandes’, um dia vou estar do lado de lá do portão”.
Não demorou muito, dois anos depois eu era “dos grandes”.
Recordo-me de algumas gincanas, as professoras das crianças pequenas sempre foram muito mais loucas do que qualquer professor de matemática ou física e parte da diversão daqueles dias cabia à elas, faziam de forma fantástica, é claro. Lembro-me também da participação de alguns pais agitados e barulhentos na caminhada da paz – que encerrava a Gincana São Francisco.
Falando em caminhada da paz... No início dos anos 2000, existia outro fator que dividia a escola: de onde a turma partiria da caminhada. Bom, as crianças pequenas não tinham condições de caminhar muito, acredito eu, por isso, partíamos do São Francisco Santa Fé (na época, Monsenhor); os mais velhos, a partir da quinta série até o último ano ensino médio partiam do Instituto de Educação São Francisco e paravam em frente ao Monsenhor esperando as crianças; de onde todos dirigiam-se ao Instituto e a caminhada era finalizada. Desde a primeira caminhada que participei, eu esperava os alunos vindo do Instituto com um único desejo e dizendo para meus pais: “um dia vou ser ‘dos grandes’, um dia vou estar vindo do Instituto e passarei aqui para as crianças entrarem na caminhada e depois voltaremos para lá”.
Não demorou muito, cheguei à quinta série. A partir daquele ano, então, sairia do Instituto na caminhada da paz todos os anos até terminar de cursar a escola; eu estava contente. A partir desse momento, minha história escolar começou a andar a passos largos: sexta, sétima, oitava série...
Em 2012, após dez anos de São Francisco, estava no último do ensino fundamental, me preparando para os três anos finais da minha trajetória na escola. A oitava série foi um pouco dolorida, o momento de separação de muitos colegas e o fim de uma fase muito longa, oito anos. Olhando para o passado hoje é curioso que estivéssemos felizes porque faltaria a partir de 2013 somente 3 anos para acabar a escola e estaríamos livres; e atualmente, se pudéssemos voltar ao menos um dia o faríamos, para ter a certeza absoluta que aproveitamos essa fase da vida.
Enfim, o ensino médio – o início da fase final. Todos os alunos que tive a oportunidade de conversar a respeito, acreditam que suas vidas estudantis mudaram no primeiro ano do ensino médio, em parte por causa da diferença no nível de cobrança, em parte pela dificuldade aumentada nos conteúdos e principalmente por um trabalho. Tal tarefa era vista como o marco do ensino médio, ficava assustado de ter que o fazer, era o famoso trabalho de Cidadania. Em frente a uma banca de três ou quatro professores, os alunos deveriam apresentar o trabalho que fora realizado praticamente o ano inteiro – até hoje é realizado, com pouquíssimas mudanças em sua estrutura. Toda a situação foi um desafio, mas após aquele trabalho senti que estava mais preparado para a vida e para a fase que viria a seguir quando acabasse a escola – a faculdade.
Seguiu o segundo ano, então. Alguns amigos e eu fundamos o Clube do Café da Manhã na escola, uma clara referência ao filme da década de oitenta – The Breakfast Club. A ideia era um clube cultural onde iríamos relacionar o cinema, a música, a televisão e a arte ao nosso dia-a-dia estudantil, fosse com o ambiente escolar e a convivência social ou com os conteúdos estudados propriamente ditos. Por alguns dias corremos atrás de professores para conseguir o apoio, distribuindo cópias do projeto e convocando alunos. Apesar do sucesso da fundação e de alguns encontros proveitosos, o projeto não foi adiante e morreu no fim daquele mesmo ano, por causa da falta de apoio da escola – por vezes, parecia que ninguém sabia o que fazíamos nas tardes de segunda-feira no colégio e os que sabiam, sentíamos que não tinham a real ideia do potencial daquele projeto.
Terceirão - terceiro ano do ensino médio e o último ano da escola. Doze anos estudando na mesma instituição, vendo os mesmos funcionários diariamente, entrando e saindo de salas parecidíssimas, sabendo ir de qualquer lugar a outro e saber exatamente onde se encontra cada coisa. Acontece que em algum momento isso tudo acaba e diferente do que pensava quando estava na oitava série, não é tão prazeroso o fim, chega a ser doloroso e amedrontador, na verdade. A escola foi sempre o lugar aconchegante para onde eu voltava todo início de ano, e nas próximas férias que eu tiver, não é para lá que vou. O fato é que quando estava no início dessa jornada, o fim era tão distante que parecia impossível; quando estava na metade nada mais importava do que chegar ao final; e agora que está acabando, se pudesse voltar alguns dias faria.
E em 2015, em nenhum momento eu pensei nisso, não pensei em voltar ao passado, não relembrei o que vivi com nostalgia, não pensei em como seria o próximo ano sem voltar ao São Francisco. Não pensei em nada disso, porque a ficha demorou muito tempo para cair. Relembrei minha história de estudante e revivi minhas memórias após um dia: a minha última caminhada; lá estava eu na turma 31, finalizando a caminhada da paz. Junto a 32, erámos as duas turmas que acabavam a escola naquele ano, éramos os últimos; e eu que por tantos anos desejei ser “os grandes” era agora o “grande” máximo que poderia chegar. Enfim, acabou.


Thomas Canal

OBS: A responsabilidade sobre o texto acima é do autor. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

PEDRA FUNDAMENTAL


PEDRA FUNDAMENTAL
Prof. Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



           Feliz é aquele que edifica sua casa sobre a rocha. Por maiores que sejam as intempéries e por mais sombrias que sejam as nuvens, a morada permanece incólume. O lançamento da “Pedra Fundamental” da mais nova unidade da Rede de Escolas São Francisco marca, primeiro, a parceria entre esta e a Prefeitura Municipal de Gravataí. Marca, ainda, a crença de que o desenvolvimento econômico e social passa, obrigatória e necessariamente, pelo investimento em educação de qualidade, afinal “cuidar das pessoas faz uma cidade melhor”. Pode haver melhor demonstração de cuidado do que formar “seres humanos, felizes, sadios e prósperos”? Mais do que a justaposição de slogans, a iniciativa representa imensurável acréscimo ao Município, contribuindo na formação de sujeitos críticos, participativos, solidários e comprometidos com o bem-comum. A nova escola trará para Gravataí a experiência de mais de meio século na área do ensino, experiência esta permeada de sucesso reconhecido no Brasil e no exterior. Os incontáveis prêmios coroam, acima de tudo, o árduo trabalho dos excelentes profissionais que, pautados numa gestão eficiente, moderna e responsável, veem o educando como o “bem” principal, maior patrimônio do processo ensino-aprendizagem. Tamanho sucesso deve-se, ainda, ao incessante e permanente diálogo com as famílias e a comunidade em geral, partindo-se da premissa de que a educação de nossas crianças e jovens é responsabilidade de todos. A Rede de Escolas São Francisco traz para o Município não apenas um know-how em educação cristã de qualidade, assentada numa formação cognitiva e humana, mas, também, o compromisso social consubstanciado em ações efetivas, especialmente junto aos que mais necessitam. A “Pedra Fundamental”, assim como as raízes de uma frondosa árvore, coroa a aposta no presente e no porvir, mas, sobretudo, no homem, pois – como bem diz um conhecido provérbio – “quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”. Votos, portanto, de muito sucesso e parabéns pela iniciativa!  

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O ESTADO NA HISTORIA DO BRASIL


O ESTADO NA HISTÓRIA DO BRASIL
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Nossa história teve início, oficialmente, com a chegada dos portugueses, em 1500. Começou aí o chamado período Pré-Colonial (1500-1530), onde a metrópole mostrou flagrante descaso com suas novas terras, quiçá mais preocupada com o lucrativo comércio junto às Índias Orientais. A partir de 1530, até a chamada “Independência” (1822), tivemos o período Colonial. Neste último, assim como o momento anterior, tínhamos não um Estado “brasileiro”, mas um Estado lusitano que – dentro de uma lógica fundada no Pacto Colonial – impunha sua vontade sobre a Colônia. Durante o período, apesar das riquezas advindas dos “Ciclos Econômicos” (principalmente, da Cana e do Ouro), a qualidade de vida da maioria da população seguiu marcada pela miséria e escravidão. À época, o Estado português não titubeava ao usar a força para reprimir qualquer tentativa de revolta contra a Coroa. Exemplo disso, vale lembrar, foi a Inconfidência Mineira (1789), movimento inspirado, em parte, nos ideais iluministas.

                A Independência (1822) inaugurou uma nova fase na história do Brasil: o período Imperial. Apesar da expectativa gerada pela mudança de status (de Colônia à país independente), o Brasil manteve praticamente as mesmas estruturas políticas, econômicas e sociais do período anterior. A distribuição de renda seguiu abjeta e vergonhosa, mantendo-se o trabalho escravo como principal sustentáculo da economia. O Estado “brasileiro” (Dom Pedro I possuía fortes vínculos sanguíneos, afetivos e políticos com Portugal...) se mostrou incapaz de transformar o país numa potência respeitada e, menos ainda, numa verdadeira democracia. O poder centralizador do monarca (que tinha sob seu controle o Poder Moderador), durante o Primeiro Império (1822–1831), instigou inúmeras revoltas (como, por exemplo, a Confederação do Equador, em1828), todas elas prontamente sufocadas, apesar do enorme desgaste político que levaria, mais tarde, à abdicação do trono. Durante a Regência (1831–1840), os problemas continuaram, merecendo destaque a Revolução Farroupilha (1835-1845). O Estado, mais uma vez, demonstrara insensibilidade social ao usar a sangrenta repressão para debelar os levantes. O Segundo Império (1840-1889), apesar de alguns avanços e “lampejos” socioeconômicos (processo de Abolição da Escravidão, Era Mauá, etc.), manteve a profunda desigualdade social e o atraso político. A expulsão da família real apenas “coroou” uma longa crise encabeçada, principalmente, pelos grandes fazendeiros, pelos militares e pela Igreja, descontentes que estavam com o governo de Dom Pedro II.

                A República brasileira (1889-...), infelizmente, da mesma forma que a Monarquia, começara mal. Nosso primeiro Presidente assumiu após um golpe, “método” este que, ao que parece, teima em manchar nossa história. Durante a chamada República Velha (1889-1930), por exemplo, tivemos a Política do Café com Leite (onde apenas São Paulo e Minas Gerais se revezavam na presidência) e a “política dos coronéis” (marcada pelo voto de cabresto). Não por acaso, muitos foram os movimentos sociais surgidos à época, a maioria duramente sufocado pelo Estado. O golpe de 1930 – que daria início à Era Vargas e à República Nova – foi a saída encontrada por algumas elites brasileiras que desejavam, ansiosamente, participar das decisões nacionais. Getúlio Vargas era a própria encarnação de uma “nova” forma das classes mais ricas não apenas permanecerem no poder, mas fortalecerem-se. O conhecido título “pai dos pobres” atribuído ao ícone do populismo deixava transparecer o lado mais perverso de seu estilo de governar, onde ficavam às escondidas suas reais intenções. O Estado Novo (1937-1945) é a prova cabal do autoritarismo getulista, onde o arbítrio, a censura e o aniquilamento da oposição foram a tônica.

                Durante o período que se estende do suicídio de Vargas (1954) ao Golpe Militar de 1964, tivemos altos e baixos na relação entre o Estado (aqui entendido como “governo”) e a sociedade. Os governos de Café Filho, Juscelino, Jânio e Jango tiveram em comum a incapacidade do Estado em estabelecer uma efetiva distribuição de renda, apesar dos discursos ideológicos (Jânio e Jango) à “direita” ou à “esquerda”. Apesar dos avanços econômicos e da modernização da indústria – especialmente no governo JK –, o Brasil seguiu sendo um país “de poucos” e “para poucos”.

                A Ditadura Militar (1964-1985) inscreve-se entre os períodos mais sombrios de nossa história. Mais do que nunca, o Estado distanciou-se da democracia, da liberdade de expressão e da busca de uma sociedade justa e igualitária. A tortura, censura, bipartidarismo e permanente repressão diuturnamente mancharam as duas décadas sob os governos militares. Sob o argumento de defender o Brasil da ameaça “comunista”, atrocidades foram cometidas. Enquanto isso, as desigualdades sociais não apenas permaneceram, como se aprofundaram, em que pese o crescimento da economia impulsionado pelo dito Milagre Econômico. Os Atos Institucionais cerceavam a opinião pública e legitimavam as cassações políticas. A morte, quando não consumada, espreitava a vida de todos aqueles que ousavam discordar do governo ou que por este eram considerados uma ameaça.


                O Estado que nasceu com a Nova República (1985...), no fundo, trouxe consigo os mesmos vícios e fragilidades dos períodos anteriores. Não por coincidência, o primeiro Presidente da nova fase foi “entronizado” pelo Congresso e não pelo voto popular. Não por acaso, quem fora escolhido (Tancredo Neves) não assumiu. Quem o fez (José Sarney) era (e é...) um representante das elites do coronelismo nordestino. Ironicamente, o primeiro Presidente eleito após tantos anos de Ditadura, Collor de Melo, foi afastado por um impeachment. Depois veio Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma...Muitos governos, porém o Estado brasileiro segue eivado de problemas estruturais (corrupção, ineficiência, custo elevado, clientelismo, etc.) que mantêm a maioria da população à margem da qualidade de vida. Educação, saúde, segurança, renda, moradia, transporte público estão muito aquém do razoável, fazendo do Brasil um país de profundas e inaceitáveis contradições: rico, porém subdesenvolvido.   

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MERETRÍCIO PARTIDÁRIO


MERETRÍCIO PARTIDÁRIO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Já, de antemão, peço escusas às “profissionais do sexo” pela comparação, mas Brasília há muito se tornou num enorme e malcheiroso bordel, onde a prostituição corre solta. Não a do tipo clássico, onde o sexo – quase sempre mal pago – é a principal mercadoria. O prostíbulo encravado no Planalto Central é o da pior e mais vergonhosa espécie, onde homens e mulheres vendem, alugam e permutam a própria consciência. Fazem “ponto” nos corredores e gabinetes, sem nenhuma parcimônia ou vestígio de decência. Enfiados em seus ternos finos, modelitos Versace e Prada ou togas negras, corrompem e se deixam corromper, num misto de escárnio e descaso com o populacho. Apesar dos perfumes caros, não conseguem disfarçar o cheiro de murrinha resultante da propina, do dinheiro fácil e dos incontáveis cadáveres que, teimosa e incessantemente, cobram a trágica morte nascida da violência urbana, da falta de leitos hospitalares, do vergonhoso transporte público, das estradas mal conservadas, das sentenças mal proferidas, da fome e da falta de esperança. Cheiram a sangue coagulado de inocentes: crianças, jovens, idosos, pais e mães de família. Ainda assim, não são poucos os que topam um “programa” com tamanhas aberrações paridas pelo arremedo de República. Lobistas, banqueiros, empreiteiros, fazendeiros, empresários, traficantes... Apesar de “rapidinha”, a relação traz profundas e imensuráveis consequências para quem mantém e sustenta o bordel: o contribuinte. Os recursos que escoam pelas pernas dos “gigolôs” e “marafonas” de Brasília, mal cabendo em suas cuecas e calcinhas, são os mesmos que faltam à educação, à moradia popular, à reforma agrária e aos mais diversos programas sociais. Há muito, os partidos políticos no Brasil mais fazem lembrar as vitrines de Amsterdã, onde as prostitutas expõem seus “dotes” aos transeuntes. Por aqui, não são poucos os “representantes do povo” que se oferecem a quem estiver disposto a gastar algumas patacas. Trocam de “vitrine” como quem troca de roupa, sem nenhum escrúpulo, até porque – no fundo – todas aquelas siglas se parecem. Um emaranhado de letrinhas, sem sentido, sem conteúdo, sem ética. Apenas letrinhas, confusas e mesquinhas. Quase toda legenda tem seu preço, verdadeiro balcão de negócios. Parlamentares trocam de “parceiros” sem ruborizarem. Pulam de galho em galho, conforme a direção do cheiro familiar das cédulas maculadas pela perfídia e odiosa escassez de espírito público. Lambuzam os beiços com o sêmen do inferno e tergiversam, dando as costas à maioria dos eleitores. O bordel, ainda quando em recesso, exala o nauseante cheiro do coito ímprobo e indigno, apesar do esforço do séquito formado de bajuladores comissionados que vivem de mamar nas tetas do Estado. Trabalham pouco ou quase nada os “rufiões” e “meretrizes” da capital federal. Pudera, cobram caro pela influência que exercem nas Comissões e Plenárias. Quando na tribuna, ante a forma fálica do microfone, usam do discurso e do poder do voto para a defesa, não raras vezes, de interesses espúrios e abjetos. Lançam mão da caneta para a elaboração de leis confusas e, muito comumente, inócuas, inflacionando, ainda mais, o dito ordenamento jurídico que onera quem, de fato, produz. Aceleram ou retardam Projetos de Lei conforme suas conveniências, ainda que em detrimento do interesse público. Prostituem-se em nome da suposta governabilidade ou, quando se sentem traídos, assumem ares de oposição, contudo sem deixar de lado os mesmos trejeitos e vícios de quem condenam. Rameira por rameira, há de se preferir as do tipo Madame de Pompadour, ao menos mais original e interessante do que as que gorjeiam por aqui.



quinta-feira, 3 de setembro de 2015

SERVIDORES, NÃO SUBSERVIENTES !


SERVIDORES, NÃO SUBSERVIENTES!
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Vergonha, humilhação, tristeza, desrespeito... A lista de expressões associadas à situação dos servidores públicos do Executivo, no estado do Rio Grande do Sul, parece interminável. Verdadeira “crônica da morte anunciada”, sem, contudo, o romantismo e elegância da Obra original. A crise econômica – talvez falimentar –, associada à crise política, é inegável e compreensível (não, necessariamente, justificável...), precariedade esta intimamente associada, também, ao contexto econômico e político mundial e nacional. Porém, o que soa como inaceitável é jogar sobre o colo dos servidores os efeitos colaterais da referida crise. As “saídas” encontradas pelo governo gaúcho são não apenas patéticas, mas revelam um misto de incompetência e insensibilidade. A má gestão, a confusão entre público e privado, a transformação do Estado em balcão de negócios, o uso da máquina pública para alimentar interesses espúrios individuais e/ou de grupos e tantos outros conhecidos vícios há muito entranhados nas estruturas do Poder são, por certo, antigos, maculando a história deste arremedo de República. Por outro lado, deixar de enfrentar – sob a desculpa de um passado inglório – os problemas e demandas da sociedade hodierna, buscando respostas efetivas, concretas e duradouras, representa um ato de covardia. Assim, o que se espera de um gestor é sim capacidade para superação das intempéries surgidas ao longo do caminho. Espera-se dele iniciativa, honestidade, equilíbrio, ética, firmeza, isonomia, inteligência... Espera-se dele planejamento, trabalho árduo, coerência, compromisso com a verdade e cumprimento das promessas firmadas em período de campanha. Espera-se dele sensatez, hombridade, habilidade e destreza política... Espera-se dele espírito público e respeito os nobres valores que norteiam qualquer Constituição democrática. Falta ao Rio Grande do Sul um gestor à altura de nossas necessidades. Falta aos gaúchos um verdadeiro Estado democrático de Direito. A Magna Carta tem sido diuturnamente rasgada por aqueles que, sob juramento, prometeram respeitá-la. Executivo, Legislativo e Judiciário, em todas as esferas e níveis, ferem os princípios mais elementares da democracia, fazendo destas terras verdadeira pocilga onde, em meio à lama da corrupção e da defesa de privilégios mesquinhos, se locupletam em detrimento do interesse coletivo. Somos o país das desigualdades, o estado das políticas públicas fracassadas e capengas, o município da politicagem lesiva e perniciosa. Por aqui, o velho e conhecido ditado onde se diz que a “corda arrebenta no lado mais fraco” é reeditado a cada fração de segundos. Faltou dinheiro para “fechar as contas” do governo? Fácil, parcela os salários dos servidores, aumenta a já extorsiva carga tributária e reduz as já parcas verbas da educação, saúde e segurança, por exemplo. Macabra e perversa matemática, cujo resultado todos conhecemos: recessão, desemprego, falta de leitos nos hospitais, escolas sucateadas, superlotação dos presídios, precária infraestrutura e tantas outras pragas que nos envergonham e adoecem. Como servidores, urge sairmos em defesa do Plano de Carreira – desde que justo e sensato, sem devaneios corporativistas que lesam o interesse público e afrontam o contribuinte –, bem como lutarmos pela qualidade do serviço prestado à população. Urge sairmos em defesa do pagamento em dia, direito este inalienável e indispensável à sobrevivência dos servidores e suas famílias. Urge mostrarmos nossa força ante o descaso do Poder Público frente às necessidades de nossa gente. Urge apontarmos as incoerências de um governo que prega “austeridade”, mas que perpetua práticas de apadrinhamento político-partidário. Urge mobilizarmos a população (trabalhadores, desempregados, estudantes, donas de casa) em defesa dos interesses verdadeiramente nacionais, regionais e municipais. Urge resistirmos às investidas e afrontas morais, ideológicas, belicistas e midiáticas que buscam denegrir a imagem do servidor. Vamos à luta!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

OS "MANDAMENTOS" DA INDEPENDÊNCIA


OS “MANDAMENTOS” DA INDEPENDÊNCIA
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

                Não terás outros deuses. Um país verdadeiramente independente é aquele onde, apesar do Estado ser laico, sua gente jamais abre mão da fé alicerçada nos princípios bíblicos e nos frutos do amor. É aquele país onde inexiste o endeusamento do mercado e do consumo desmedido.

                Não tomarás o nome de Deus em vão. Um país verdadeiramente independente é aquele onde a ética e o respeito ao outro – este, como imagem e semelhança do Criador – são inegociáveis. Um país onde o interesse coletivo se sobrepõe ao individualismo doentio e ao narcisismo egocêntrico.

                Lembra-te de guardar o melhor de teu tempo para o aprimoramento da alma. Um país verdadeiramente independente é aquele formado por pessoas sadias, famílias equilibradas e relacionamentos fraternos. Um país que privilegia o “ser” ante o “ter”, enaltecendo as virtudes e jamais aquiescendo com o erro.

                Honra a teu pai e tua mãe. Um país verdadeiramente independente é aquele que gera crianças e jovens amorosos, humildes, respeitosos, disciplinados e críticos. Um país governado por adultos coerentes, que ensinam não por meio de discursos vazios, mas através de condutas exemplares.

                Não matarás. Um país verdadeiramente independente é aquele onde a vida – sob as mais diversas formas – é respeitada e valorizada. Um país que semeia o amor, a solidariedade e a cumplicidade com a dor alheia. Um país que não fecha os olhos ante a injustiça e o infortúnio dos mais necessitados.

                Não adulterarás. Um país verdadeiramente independente é aquele onde a fidelidade é reguladora de todas as ações, onde a palavra tem valor e o reconhecimento de firma se dá pela confiança no “outro”.

                Não furtarás. Um país verdadeiramente independente é aquele onde o que há de mais caro são as próprias pessoas, não o que elas têm. Um país que valoriza, sobretudo, os bens incorruptíveis, não aqueles que se consomem e se esvaem com o tempo.

                Não dirás falso testemunho contra teu próximo. Um país verdadeiramente independente não flerta com a mentira e nem tampouco se amanceba com o engodo.
               

                Não desejarás o que é do outro. Um país verdadeiramente independente é o que reconhece a função social da propriedade sem perder de vista a conquista justa e legítima. É o país que respeita os contratos ainda que não formais e se mostra avesso ao relativismo desvairado. É o país que encara como abjeta e inaceitável qualquer forma de enriquecimento ilícito e condena a confusão entre interesse público e privado. 

Veja também: http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=6e34b92a701abc568d24e5562c18a422

domingo, 30 de agosto de 2015

FORMATURA DA EJA (PRIMEIRO SEMESTRE DE 2015)


DISCURSO FORMATURA EJA 2015-1
Prof. Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

Boa noite!


            Saúdo à mesa, aos convidados e, de forma muito especial, aos formandos. Nada pode e, nem tampouco, deve nos separar de nossos sonhos. Nem surto de meningite, nem crise econômica, nem instabilidade política, nem mesmo o tempo... Este, por sinal, talvez por ser “eterno”, é sábio. Passamos nós, ele não. Passam as dificuldades, as paixões, os mandatos. O tempo permanece incólume. Pode, aparentemente, tardar, porém certa e inevitavelmente chegará. Prova disso, é que estamos aqui. Não por acaso, o tempo postergou a presente Formatura. Sabem por quê? Assim como o bom vinho, envelhecido em barris de carvalho, vocês são especiais. Por isso a demora. Perderia muito da graça o casamento sem o tradicional atraso da noiva, ou a viagem sem a expectativa da criança que, a cada curva, inquire os pais sobre o ponto de chegada. Esta Formatura não é diferente. Chegou na hora certa, no momento e do jeito que deveria chegar. Olhem para vocês, formandos. Estão lindos! Seus semblantes denunciam uma incontida alegria a disputar espaço com a esperança de ser este momento um divisor de águas, cuja ponte é a força de vontade de cada um e cada uma de vocês. Quanta correnteza, heim? Quantas quedas e galhos pelo caminho, muitos deles – feito mãos inimigas – tentando vos submergirem? Pedras de todo tamanho e forma a machucarem não apenas o corpo, mas por vezes a própria alma, numa vã tentativa de vos fazerem desistir. Resolutos, contudo, vocês persistiram, apesar de cansados. Fizeram dos obstáculos, intransponíveis muralhas ante o pessimismo e o derrotismo. Transformaram os “nãos” da vida em antídoto contra as agruras típicas de um país que não valoriza o conhecimento e a pesquisa, um país que teima em sabotar o presente em nome de um futuro que jamais chega. Um país que precisa de vocês, como estudantes, trabalhadores, pais e mães de família, cidadãos e cidadãs. Sejam o que sejam, façam o que façam, jamais abram mão da ética, do respeito, da solidariedade e cumplicidade com o “outro”. Não escamoteiem a verdade e resistam ao canto da vaidade que, em nome de interesses espúrios, faz adoecer a sociedade. Guardem na memória o que há de melhor de seus familiares, amigos, colegas e professores. Destes, jamais esqueçam, ainda, os ensinamentos. Não tanto os cálculos, a gramática ou um que outro conceito da Geografia, mas, sobretudo, o apego à vida e à certeza de que um novo horizonte é possível, mais feliz, sadio e fraterno! Sejam felizes.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

MANIFESTO


MANIFESTO
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Para que serve o Estado, senão para garantir, com qualidade, a materialização dos princípios constitucionais, como saúde, educação e segurança? Para que serve o Estado, senão para garantir a paz social fundada na justiça e respeito à dignidade da pessoa humana? Para que serve o Estado, senão para retirar da esfera privada iniciativas violentas que, na busca de proteção, vingança ou satisfação de desejos mesquinhos, acabam por fazer sombra aos avanços civilizatórios? O Estado não é um fim em si mesmo. Existe, sobretudo, para “servir” aqueles que não apenas lhe sustentam, mas lhe dão sentido.

                Vivemos tempos de medo. As ruas e avenidas há muito vêm sendo manchadas de sangue. As praças viraram local “seguro”, não para as crianças, jovens e trabalhadores, mas para o consumo e tráfico de drogas. Como zumbis, hordas de pichadores, arruaceiros, viciados e criminosos de toda espécie infestam a cidade, fazendo dos espaços públicos e privados um verdadeiro inferno. O velho ditado “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” vem assumindo proporções cada vez mais trágicas e preocupantes. Inexiste local seguro ou a salvo da barbárie que vem ceifando vidas e enlutando lares. Enquanto os muros altos das residências evidenciam a sensação de insegurança, as frágeis grades dos presídios – que mais parecem masmorras medievais – escancaram a falência do ente público, este há muito motivo de escárnio e deboche. O avanço da criminalidade contrasta com a incapacidade do Estado em transformar o conhecido e surrado discurso em ações concretas capazes de estancarem o avanço do câncer da violência urbana que tem levado à metástase da teia social.

                Queremos, merecemos e exigimos dias melhores. Nossas mães não geraram filhos para serem precoce e violentamente arrancados desta vida. O sangue, inocentemente vertido, de cada criança, jovem ou adulto, clama por justiça. Não apenas façamos memória a cada filho, irmão, pai, mãe, amigo que perderam a vida em decorrência desta guerra urbana – alimentada pela omissão, incompetência, quando não pela íntima relação do Estado com o crime organizado –, mas transformemos nossa dor e indignação em ações concretas. As escolas que compõem a Paróquia Estudantil, através do presente documento manifestam a profunda preocupação, repúdio e indignação frente ao avanço da violência. A dor da família do Gabriel (Escola Estadual Júlio César Ribeiro de Souza, em Alvorada), covardemente assassinado, é, também, a nossa dor. O sofrimento do Henrique (Instituto de Educação São Francisco, em Porto Alegre) e de sua família é, também, o nosso sofrimento. Quantos mais perderão a vida? Quantos mais serão privados de curtirem a infância e a juventude? Quantos mais trocarão muitos anos de vida por uma pequena nota nas páginas policiais de um jornal qualquer? Quantas flores de debutantes darão lugar àquelas postas sobre a lápide fria como a morte?

                Enquanto o cidadão de bem definha e agoniza, o crime engorda e avança a passos largos. Atinge, indistintamente, a todos: brancos e negros, pobres e ricos, letrados e analfabetos, crianças e idosos, homens e mulheres... Entrar ou sair de casa é um risco. Ir à escola, ao trabalho, à padaria, ao posto de gasolina é um risco. Andar a pé, de carro ou de ônibus é um risco. Sair de dia ou à noite, sozinho ou em grupo é um risco. Ser abordado por alguém com farda ou sem ela, é um risco. Estamos a ponto de temer a própria sombra, não sem razão. Nossos direitos vêm sendo vilipendiados diuturnamente. Há muito, não enxergamos sequer a luz no final do túnel. Foi-nos subtraída.

                Abaixo, portanto, à impunidade! Abaixo ao discurso evasivo ou ao leque de promessas jamais cumpridas. Abaixo à frouxidão do Poder Público. Abaixo às decisões de magistrados que, em nome de uma lei – por vezes equivocadamente interpretada – dão salvo conduto a delinquentes de toda sorte. Abaixo à gestão assentada no amadorismo, na troca de favores e na defesa de interesses espúrios. Abaixo ao corporativismo de toda espécie que, ao olhar para o próprio umbigo, olvida o interesse verdadeiramente “público”. Abaixo à falta de investimentos nas áreas vitais, como a da segurança.

Queremos, através do presente Manifesto, marcar posição, iniciativa esta que, tenham certeza, não se limitará à formalidade deste documento. Sozinhos, mais fazemos lembrar uma ovelha ameaçada pela matilha, mas juntos somos fortes. Assumamos aqui o compromisso com o “outro”. Uma relação pautada na ética, no respeito, na empatia e na solidariedade. Exerçamos nossa cidadania com firmeza, não titubeando ante às falhas e vícios do Estado.


Ante o exposto, encaminhamos este Manifesto – em nome das escolas (e comunidades a elas associadas) da Paróquia Estudantilaos representantes de todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), ao Ministério Público, à imprensa e à Sociedade Civil Organizada, para EXIGIR, por parte do Poder Público, ações concretas e duradouras que garantam a segurança de nossa comunidade, conforme previsto na Constituição Federal. 

Leia também: http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/noticias_visualizar.php?noticia_id_=1574 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

OPINIÃO


OPINIÃO
Karolaine  (turma 23)
Tema: “erotização da criança”

          Ficamos de queixo caído com crimes sexuais contra crianças, mas permitimos a erotização infantil promovida pela mídia.
          O tempo em que nossas crianças, inocentemente, brincavam com bonecas, brincadeiras de rua e joguinhos educacionais, teve fim. Os programas de TV preferidos eram míseros desenhos animados. Hoje? Temos a percepção de que não criamos mais crianças, e sim mini adultos, que preferem programas onde os participantes estão cada vez mais sensuais, com roupas curtíssimas e músicas de baixo nível, verdadeiros contos eróticos, deixando qualquer adulto estarrecido.
          Eis a questão: como nossas crianças terão, num futuro próximo, um bom modelo de sexualidade? Segundo Paula Pessoa, psicóloga infantil, a educação infantil vem sendo deixada de lado, o que acaba por cair nas mãos da pérfida mídia, grande influenciadora da sexualidade. “Por mais que a criança tenha visto um ídolo com uma saia super curta, uma unha vermelha, a mãe tem de estabelecer a regra: você é criança e não pode. Criança não namora, criança não usa salto, criança não dá beijo na boca...criança não faz estas coisas.”

         Meus pais fazem das palavras da psicóloga, as suas. “Pra tudo tem seu tempo e com as crianças não pode ser diferente, uma criança deve divertir-se com brincadeiras infantis e não quando se finge de adulta”, exclamou minha mãe. Meu pai continuou: “Uma criança tem de saber o que é certo e errado e os pais têm o dever de ensiná-las isso. Dizer não quando o programa não é apropriado para a sua idade e assim vai. Somos nós que temos a obrigação de impor limites”, concluiu.
OBS: A opinião acima é de inteira responsabilidade de seu/sua autor(a). 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

URUBUS


URUBUS
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                A fauna em Cachoeirinha – que da antiga queda d’água só sobraram as lembranças registradas na memória dos quase centenários ou nas páginas amareladas da história –, ao que parece, tem se resumido aos urubus. Sobrevoando o céu da cidade, até que não são muitas as aves de rapina. Preferem elas, ao que tudo indica, alguns espaços públicos. O fétido odor exalado lá para as bandas de prédios onde público e privado se confundem e se amancebam, denuncia a presença dos malditos bichos. Vestem, muito comumente, terno e gravata, quando não uma bela toga a esconder a imundícia da própria natureza. Vivem da tragédia alheia, apesar, é claro, de jamais admitirem. Poucos são os urubus letrados em Cachoeirinha, a maioria mal consegue ir além de uma espécie de grunhido mal elaborado, apesar de inegavelmente poderoso e convincente. Não por acaso, a cada quatro anos, muitas dessas aves renovam suas penas e seguem monopolizando seus ninhos, recheados de filhotes comissionados a lhe paparicarem. Qual será o milagre de tamanha vitaliciedade? Quem sabe, a capacidade mimética de se confundirem com o ambiente. Os urubus que por aqui gorjeiam – uma espécie de infindável “melodia” da morte e do engodo – são de uma espécie muito similar às do Planalto Central. Cheiram a urubu, vivem da carniça do contribuinte, mas pousam de pavão. Talvez por isso, não larguem o naco de carne, afinal toda aquela pesada plumagem, embora artificial, custa caro. Fazem de tudo por um espaço na mídia, ainda que uma minúscula foto no canto da página de um jornaleco chinfrim. O negócio é aparecer, nem que seja emitindo opiniões vazias ou postando suas imagens bizarras nas ditas redes sociais. Nisso são bons. Os urubus daqui são capazes até de vez em quando – quase sempre às vésperas dos pleitos – darem uma voadinha numa vila aqui ou acolá, sujando as asas em meio à lama deixada pela enchente ou, ainda, correndo o risco de contraírem as doenças dos pobres mortais. O que não fazem os urubus para manterem seus privilégios intocáveis e suas cadeiras na famigerada Casa do Povo? O que não fazem eles para usufruírem dos momentos de glória na tribuna ou um lugarzinho junto ao Executivo? Os urubus, assim como as baratas, são mestres na arte de sobreviverem às intempéries e hecatombes econômicas e políticas. Sofre o cidadão comum, o servidor (concursado) mal pago, a dona-de-casa ante a panela vazia, a criança sem futuro e o jovem despreparado. Quanto aos urubus, salvo um ou outro esforço a sustentar, de tempos em tempos, todas aquelas bandeirolas multicoloridas à beira da avenida, parecem desconhecer o que seja trabalho e, menos ainda, crise ou carestia. Ao contrário de suas presas – esfarrapadas, maltrapilhas, viradas somente em ossos –, os urubus seguem robustos e altaneiros, desfilando suas asas tomadas de brilho. Eles custam caro à sociedade. São alimentados por ela e dela se alimentam. No fundo, surgem a partir dela, numa espécie de abiogênese maldita, alimentada por um sistema político falho e eivado de vícios. Feito Cronos, os urubus castram os ascendentes e tiram o fôlego de vida das gerações futuras, fazendo imperar o pessimismo e a desesperança. Restará, ainda, sob o céu da cidade outra imagem que não a da revoada das malditas aves a esconderem o brilho do Sol?  


domingo, 12 de julho de 2015

ESTUPIDEZ NOS TEMPOS DA MENINGITE


ESTUPIDEZ NOS TEMPOS DA MENINGITE
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br




                Cachoeirinha, uma pequena cidade da região metropolitana de Porto Alegre, vive o que alguns convencionaram chamar de “surto comunitário” de meningite. Ao que parece, não apenas a bactéria tem provocado a inflamação das meninges e, com isso, eventual “confusão mental”. Esta última, ao que se vê tem sido mais comum do que se imagina. Há quem aproveite momentos de crise – como se esta não fizesse parte da história de nossa cidade e de nosso país... – para lançar críticas e mais críticas de toda ordem sobre o Prefeito, o Secretário, o vereador... Preocupa a forte tendência da oposição estrábica em jogar pedra sobre o telhado alheio, como se ela própria fosse exemplo de ética e boa condução do interesse público. A moral de cuecas soa como abjeta e nada convincente, afinal deixa à mostra as nádegas tomadas pelas “estrias” da incoerência, do discurso fácil e vazio, bem como do ultrapassado jeito de se fazer política. Não que o Executivo deixe de merecer a crítica e indignação do cidadão. Sim, mas não apenas ele, mas o Estado como um todo. Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos os ditos “Poderes”, nas esferas municipal, estadual e federal, são corresponsáveis pela falência dos serviços públicos. A precariedade da saúde, evidenciada, ainda mais, em situações como a do surto de meningite, é tão somente um dos tantos problemas a atestarem o embotamento ético do Estado. Este, há muito já não nos representa, tendo se tornado um fim em si mesmo. Feito Narciso, tem se mostrado incapaz de olhar além do próprio umbigo. Mastodôntico, consome quase todos os recursos – que não são poucos... – em alimentar as próprias entranhas. Zarolho, não enxerga além dos próprios interesses espúrios e mesquinhos, voltado muito mais ao atendimento de projetos egoístas de poder, em detrimento do interesse coletivo. O cuspe lançado pela dita “oposição” de hoje (amanhã aliada ou, quiçá, “governo”), feito bumerangue, retorna impulsionado pelos “ares” enlameados da troca de favores tão comum nos corredores das repartições públicas. O azedume de alguns opositores contrasta com suas flagrantes ou veladas práticas condenáveis. A verborreia político-partidária (da “oposição” ou “situação”, da “esquerda” ou “direita”) nada tem contribuído para depuração do Estado. Usar a tragédia alheia – sob a forma de pretensa preocupação com o outro – para obter dividendos políticos soa como irresponsável e vergonhoso. Atenta contra a inteligência e a dignidade da pessoa humana, pois vitimiza aquele que já é vítima, fazendo desta última um trampolim para obtenção de vantagens indecorosas. Torçamos e lutemos pelo controle da meningite neste município, exigindo do Poder Público as ações que lhe competem e responsabilizando o Estado, se necessário. Tomemos os cuidados necessários capazes de mitigarem o risco de contágio. Assim, é o que se deseja, logo a epidemia será coisa do passado. Quanto à “oposição” endêmica e camaleônica – pois troca de roupagem conforme o contexto e a oferta de benefícios –, ao que parece, seguirá resistente aos fármacos desta frágil e duvidosa democracia. 

domingo, 5 de julho de 2015

SETORES DA ECONOMIA: LÂMINAS

Acima, as "lâminas" referentes ao conteúdo sobre "setores da economia". Agradeço ao aluno Pedro Müller (turma 32) pelo auxílio. 

terça-feira, 23 de junho de 2015

ATIVIDADE PARA AS TURMAS 21,22, 23, 31 E 32





Tudo bem? Nas últimas aulas de Geografia, temos tratado, dentre outras coisas, acerca das chamadas "transnacionais". Estas últimas têm um significativo papel nas relações de consumo. Peço que assistas ao vídeo acima e, com a participação da família (pais/responsáveis), responda o que se pede:

1. Qual é o papel da propaganda na formação de uma criança?

2. Qual é a importância do "não" na formação de uma criança?

3. O que se entende por "erotização" da criança? Quais são os riscos, no(s) ponto(s) de vista de tua família?

4. Os pais ensinam mais pelo "exemplo" do que pela "palavra". Comente a afirmação.

A presente Atividade valerá até 1,5 (um ponto e meio), devendo ser respondida no caderno e corrigida em aula. Desde já, agradeço a participação.


sexta-feira, 19 de junho de 2015

ATIROU POR QUÊ?


ATIROU POR QUÊ?
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Por que atirou? Muitas são as respostas e vãs tentativas de “justificar” o ato imbecil, violento e covarde que quase levou à morte de um querido aluno e ceifou a vida de seu amigo no último dia dezesseis de junho. Atirou porque a vítima reagiu. Atirou porque ela não reagiu. Atirou porque a vítima se negou a dar o que o agressor pedia. Atirou porque ela entregou o solicitado pelo bandido, mas este não ficou satisfeito. Atirou porque a vítima correu. Atirou porque ela permaneceu imóvel. Atirou porque... A verdade, contudo, quase sempre, é que atirou porque decidiu fazê-lo. Influenciado ou não pela droga, instigado ou não pelos parceiros do crime, desconfiado ou não de uma eventual reação da vítima, fruto ou não de uma sociedade injusta e desigual, resultado ou não de uma família desestruturada, a responsabilidade deve recair, primeiro, sobre o autor do infame delito, ainda que sob a perigosa roupagem da dita menoridade. Tem sido comum o Poder Público, através da Secretaria de Segurança ou da polícia, por exemplo, insistir na falácia de que o melhor caminho é a não reação, como se tal opção fosse salvaguardar a vítima das atrocidades do criminoso. Será por isso que o Estado não tem reagido? Será por isso que o Estado tem se mostrado omisso ou nada eficiente frente à absurda escalada da violência? Será por isso que entra governo e sai governo, a insegurança segue produzindo as metástases que têm levado a sociedade gaúcha à falência total dos serviços públicos, inclusive o da segurança? O Estado tem se mostrado refém da criminalidade, enlameado que está, por exemplo, na areia movediça da incompetência, da corrupção, da falta de planejamento e de investimentos. Um Estado que não tem, nem de perto, cumprido com suas obrigações constitucionais e, portanto, questionável e, talvez, desnecessário. A violência que enlutou a família do Gabriel e pôs em desespero os pais do Henrique é, portanto, responsabilidade também do Poder Público. O Estado, assim como o criminoso, precisa ser responsabilizado. O gestor que descumpre com seu papel, o servidor que “suja as mãos” e denigre a própria consciência, o juiz (que, apesar da toga, é servidor e não Deus...) que irresponsavelmente permite ao criminoso ganhar as ruas, todos eles devem e precisam ser responsabilizados. O descontrole da violência é consequência, sobretudo, da certeza da impunidade. O arcabouço jurídico há muito tem sido motivo de chacota e escárnio, tamanha a distância entre a previsão e o cumprimento do mesmo. Crimes não investigados, inquéritos mal conduzidos, sentenças equivocadas, penas não cumpridas... Virou rotina. Triste realidade que tem alimentado a indignação e a convicção de que a saída para estancar a criminalidade, ainda que em parte, não passa pelo modelo pífio de Estado que temos. A sociedade precisa reagir sim! Precisa fazer uso de todos os meios, ainda que coercitivos, para garantir um direito que lhe é natural e, portanto, anterior à existência do próprio Estado. As pessoas de bem, ainda maioria, precisam se organizar, transformando a indignação e lancinante dor em ações concretas capazes de subverterem as estruturas modorrentas de um Estado que tem abandonado às moscas a população que o sustenta e lhe dá sentido. O Estado existe para servir e não ser servido. Não é um fim em si mesmo e nem tampouco espaço para realização de projetos mesquinhos de poder ou de enriquecimento fácil. Basta de tanta violência. Não podemos seguir assistindo nossas crianças serem violentadas, filhas sendo estupradas, juventude sendo viciada, casas sendo assaltadas, veículos sendo roubados, vidas inocentes sendo tiradas... A letargia do Estado precisa ser rompida. Tiremos o sono do presidente, governador, prefeito, ministro, secretário, senador, deputado, vereador, juiz, promotor, delegado... Não sejam em vão as lágrimas das mães que enterram seus filhos ou que, na calada da noite, suplicam aos céus pelo rebento à beira da morte. 

Veja também:
http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=9728c6a2784ee154c3c9cc8ee10132a7 

domingo, 14 de junho de 2015

O GORDINHO DO ESPELHO


O GORDINHO DO ESPELHO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Quem disse que os gordinhos são lentos? O do espelho, ao menos, era para lá de ágil. Bastava virar para avistá-lo, sumia como num passe de mágica. Mais incrível ainda era sua habilidade para imitar com absoluta perfeição os gestos e trejeitos de quem buscava surpreendê-lo. Feito assombração, teimava em aparecer. Bastava um espelho ou algo que o valha, lá estava ele. Mesmo nos lugares mais íntimos. Banheiro, quarto, trocador... Parecia desconhecer todas as regras de etiqueta. Intrometido e, não menos, evasivo. Como gato a escapar da água, o gordinho escapulia do olhar de todos, salvo do desgraçado que tomara para companheiro inseparável. Verdadeiro encosto. Tentara de tudo para dar um sumiço no gordinho do espelho. Receitas não faltavam. Alguns sugeriam “plantar” galinha preta afogada em cachaça na encruzilhada, outros indicavam benzedeira, sessão de descarrego ou rosa imantada em água benta. Tinham até os que pareciam zombar de seu tormento, preceituando – olhem só – coisas do tipo dieta à base de sopa, abdicar das delícias açucaradas e caminhadas diárias. É verdade que algumas sugestões surtiam resultado, mas por pouco tempo. Manter as luzes desligadas, retirar os espelhos da casa, passar longe das vitrines das lojas... Era reacendê-las, recolocá-los ou retomar os passeios ao shopping, lá estava o gordinho, com aquelas bochechas rosadas e carinha arredondada. Apesar de simpático, o sujeitinho era inoportuno e demasiadamente insistente. Já cansado e quase desesperado com aquela companhia indesejável, apelara para medidas extremas. Pedira à filha mais nova que permanecesse por perto e vigiasse cada passo do pai. Fosse este ao banheiro, por exemplo, caberia à pequerrucha denunciar a presença do gordinho atrás do coitado. Pura ilusão. Apesar de todos os cuidados e estratégias, a imagem de quem o perseguia continuava estampada no espelho. Não por acaso, urinava fora do vaso, pois tinha que dividir sua atenção entre o sanitário e a presença do gordinho. Tomar banho, então, virara uma tortura. Caísse o sabonete, ficaria jogado por lá, junto a um canto do box. Há muito já não se barbeava, pois não queria aquela presença indesejada a observá-lo feito predador diante de sua presa. Não bastasse ultimamente andar respingado de mijo, com cabelo feito palha de milho e barbudo, era ainda atormentado por uma insistente prisão de ventre. Pudera, manter a concentração durante o simples ato de ir aos pés virara um esforço hercúleo. Quando, finalmente, conseguia, desnecessário é descrever o cheiro fétido a impregnar o ambiente. Espantava toda família para longe não apenas do banheiro, mas da casa. Aliviado, com os intestinos desobstruídos, ia cuidadosamente até o espelho na esperança de ter se livrado do gordinho. Que nada, lá estava ele com aqueles olhinhos esbugalhados e a testa suada como se tivesse recém saído de uma guerra. Não tinha mais prazer nem mesmo no quarto. Tudo ia bem até que a mulher resolvera colocar um “senhor” espelho na cabeceira da cama. O gordinho, então, aumentou exponencialmente de tamanho, enquanto a libido do sujeito virou pó. Depois de muito resistir e ouvindo as súplicas dos amigos e da família, resolvera procurar um psicólogo. Indicação de um colega de serviço, o cartão trazia estampado em forma de marca d’água o símbolo da profissão e sobre ele o endereço, número do registro e nome do sujeito. Ao chegar no consultório, viu diante de si uma figura que mais parecia lutador de sumô a cumprimentá-lo de maneira muito simpática. Sua mão desapareceu entre os dedos rechonchudos do anfitrião. Ao lado do divã, como a chamá-lo, um grande espelho a refletir sua própria imagem e a do enorme corpo do psicólogo. O gordinho, como num passe de mágica, simplesmente desaparecera. Estava curado!  

Ver também: http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=ee99980be653c1d8c4051dc24fb11ed3

segunda-feira, 1 de junho de 2015

ATIVIDADE PARA AS TURMAS 31 E 32



Tudo bem? Nossas últimas aulas têm versado sobre o crescimento demográfico nos países do Sul, especialmente na Ásia e África. Quanto a este último continente, trabalhamos, por exemplo, o impacto da história (colonização entre os séculos XIX e XX) sobre as condições socioeconômicas e, por conseguinte, sobre o próprio crescimento demográfico. Peço que assistas ao vídeo acima e – a partir do que temos visto em aula e com base na pesquisa por ti feita – respondas o que se pede:
01. Comente sobre os conflitos étnicos na República Centro-Africana, destacando algumas causas.
02. Pesquise sobre a interferência da ONU na República Centro-Africana. O que pretende? Como tem sido? Consequências?
03. Qual é a relação entre o processo de colonização da África e os conflitos lá existentes? O caso da República Centro-Africana é “isolado”? Justifique e exemplifique.
04. A história tem mostrado que, não raras vezes, o homem usa a religião como pretexto para matar e escravizar. Assim, ao que se vê, a fé pode ser usada como poderoso instrumento de transformação (salvação) ou de destruição. Comente a afirmação.
                A presente Atividade valerá até 2,0 (dois) pontos. Deverá ser feita no caderno e corrigida em aula, conforme data previamente estabelecida pelo Professor.

Bom Trabalho!

terça-feira, 26 de maio de 2015

O MENTECAPTO: PERGUNTAR NÃO OFENDE!


O MENTECAPTO: PERGUNTAR NÃO OFENDE!
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                O mentecapto é assim mesmo. Insiste em pensar bobagem. Atolado em seus devaneios, insiste ver chifre em cabeça de cavalo. Pudesse, inquiriria os mais entendidos sobre dúvidas que o perseguem. Afinal, perguntar não ofende, pensa. Como entender que o chefe de segurança de um ex-Secretário de Segurança fosse, ao mesmo tempo, guarda-costas de um dos maiores traficantes da região? Falta de informação, infelicidade, coincidência? O mentecapto não acredita no acaso. Por mais que o tentem convencer de que não se pode confundir alhos com bugalhos, segue pensando o pior. Teima em engolir a ideia de que o principal responsável pela morte do traficante, cliente do chefe de segurança, fosse preso e assassinado dentro do presídio. Como alguém que estava sob a tutela do Estado foi asfixiado? Mais uma coincidência? Assim como fora coincidência o fato de que a guarda responsável pela vigilância do preso fosse uma novata? Mesmo ele, um mentecapto e, portanto, um idiota, sabe que aquele preso, em especial, deveria receber atenção redobrada. O Secretário de Segurança, ao que parece, não sabia. O governador, o Diretor do presídio, o juiz e todos os outros agentes públicos também não sabiam. O mentecapto já não sabe quem é, de fato, o imbecil. Está preocupado e temeroso em desconfiar que o Estado tem flertado com o crime organizado. Tem calafrios só em pensar que as mais altas lideranças e outros servidores de todos os Poderes possam, de alguma maneira, se prostituir, vendendo suas consciências por algumas moedas, ainda que manchadas pelo sangue que brota da violência associada ao tráfico. Tem pesadelos ao imaginar que lobo e cordeiro, apesar da aparente distinção trazida pela toga ou pela gravata, possuem a mesma essência e desmedida malícia. O mentecapto anda desconfiado. Vê fantasmas por todos os lados. Já não dorme direito, achando que o Apocalipse se avizinha. Mesmo a propaganda oficial, com todas aquelas imagens, slogans e frases de efeito, é incapaz de insuflar nele um pouco de ânimo. Lembra uma barata tonta a escapar da morte que parece certa. O tempo arrefece a memória e tende a amarelar as páginas do jornal. Quiçá, ali adiante, também o mentecapto esqueça todas essas bobagens. Presídios controlados pelos encarcerados, ações policiais abortadas pela carência de vagas nas cadeias, “prefeitos” que determinam quem vive e quem morre nas galerias, pavilhões recheados de celulares, bebidas, armas e drogas... Quanta besteira! O mentecapto, ao que se vê, perdeu por completo o juízo. Exagera, inventa, vê o que ninguém mais vê. Coitado. A lucidez, feito lampejos, raramente tem dado as caras. Já não sabe quem “cheira”: ele, o traficante ou o Secretário. Alucinado, o idiota perambula pelas fétidas ruas escuras e desertas, por vezes esbarrando num ou noutro monumento coberto pela pichação. A cidade estaria cada vez mais feia ou tudo não passa de uma visão distorcida pelo avanço da esquizofrenia? Achassem-no agora, o tomariam por ébrio. Sem razão é claro, afinal tropeçava não nas pernas, mas nas próprias ideias. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA (2015)


CONTEÚDOS PARA 2015
Prof. Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Observe, abaixo, a relação de conteúdos para o presente ano letivo.


SEGUNDO ANO DO MÉDIO (TURMAS 21, 22 E 23)

PRIMEIRO TRIMESTRE
1. O imperialismo e a Primeira Guerra Mundial.
2. O Socialismo e as transformações do espaço geográfico.
3. A dinâmica da crise de 1929.
4. A Segunda Guerra Mundial: causas e consequências.
5. A Ordem Mundial pós- Segunda Guerra.
6. A Guerra Fria.
7. O fim da Guerra Fria e a nova Ordem Mundial.
8. A Rússia na atual Ordem Mundial.
9. A China no cenário mundial.

SEGUNDO TRIMESTRE
1. A Globalização e as transnacionais.
2. O papel do Estado na economia globalizada.
3. Os sistemas de transporte e comunicação no mundo globalizado.
4. O aspecto sociológico dos meios de comunicação no Brasil.
5. A produção e consumo de energia: problemas e desafios.
6. As fontes alternativas de energia.
7. A questão energética no Brasil.
8. As fases da Indústria.
9. Revolução Industrial.

TERCEIRO TRIMESTRE
1. A questão fundiária nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
2. A questão fundiária no Brasil.
3. Regiões industrializadas no cenário mundial.
4. A indústria no Brasil: passado, presente e perspectivas.
5. Neoliberalismo.
6. O Estado brasileiro: da monarquia à República.
7. As Constituições brasileiras.
8. A Constituição de 1988.
9. O Estatuto da Criança e do Adolescente.  


TERCEIRO ANO DO MÉDIO (TURMAS 31 E 32)

PRIMEIRO TRIMESTRE
1. Revolução Industrial e crescimento demográfico.
2. Teoria malthusiana.
3. Transição demográfica.
4. Estabilização demográfica no Norte.
5. Explosão demográfica e novas teorias populacionais.
6. Crescimento populacional e recursos naturais.
7. Transição demográfica no Brasil.
8. Composição etária e impactos sociais.
9. Países de elevado crescimento demográfico.
10. Envelhecimento populacional e previdência social.
11. Distribuição da população por sexo.

SEGUNDO TRIMESTRE
1. Setores da atividade econômica.
2. Globalização, tecnologia da informação e serviços.
3. Importância do turismo.
4. Transformações no mundo do trabalho.
5. Economia informal.
6. O trabalho no Brasil.
7. O desemprego no Brasil.
8. Trabalho escravo no Brasil: passado e presente.
9. A mulher no mercado de trabalho.
10. População e renda no Brasil e no mundo.
11. O Estado na distribuição de renda.
12. IDH
13. Globalização e movimentos migratórios.
14. Migrações internacionais: tipos, causas e consequências.
15. Migrações internas no Brasil: tipos, causas e consequências.
16. Estudo de casos.

TERCEIRO TRIMESTRE
1. Cidadania.
2. A cidade ao longo da história.
3. Urbanismo e planejamento urbano.
4. Metrópoles e cidades ditas globais.
5. O processo de urbanização no Brasil.
6. Rede Urbana.
7. O problema da moradia urbana no país.

OBSERVAÇÃO: Os conteúdos acima representam apenas um “indicativo” do que será trabalhado ao longo do ano letivo, podendo ser alterados conforme a necessidade verificada pelo Professor. Bom ano letivo a todos!

domingo, 19 de abril de 2015


ATIVIDADE PERMANENTE PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SF
Prof.Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                A disciplina de Geografia tem, dentre seus objetivos, a intenção de instigar a autonomia do educando, assim como a pesquisa e a capacidade de comunicar-se. O presente Trabalho aplica-se às Turmas 21, 22, 23, 31 e 32, sendo desenvolvido ao longo do segundo e terceiro trimestres.
                O Trabalho será individual ou em grupo (máximo seis integrantes), devendo ser apresentado em aula. O tempo máximo para apresentação será de 05 (cinco) minutos. Caberá ao aluno (grupo) escolher a forma de apresentação (paródia, teatro, jogral, etc.), desde que a mesma ocorra de maneira presencial (ao vivo). Ao aluno (grupo) caberá, ainda, a escolha do tema (assunto), desde que o mesmo tenha relação com os conteúdos programáticos da disciplina de Geografia do respectivo ano (série), conteúdos estes disponíveis no blog (profgilvanteixeira.blogspot.com.br). Na semana anterior à apresentação, o aluno (grupo) deverá entregar ao Professor, por escrito, a síntese do Trabalho a ser apresentado. A síntese deverá trazer: nome(s) e turma do aluno (grupo), número, tema escolhido (assunto) e forma de apresentação. Serão apresentados, no máximo, 02 (dois) Trabalhos por período, conforme “escala” previamente comunicada pelo Professor.
                O presente Trabalho valerá até 3,0 (três) pontos na Qualitativa, sendo avaliado conforme segue:
a) síntese (a ser entregue ao Professor) – 0,5;
b) organização – 0,5;
c) criatividade – 1,0;
d) conteúdo – 1,0.
                A data estabelecida para apresentação do Trabalho é improrrogável. Caso algum integrante do grupo não compareça, ainda assim o Trabalho será apresentado.

                Abaixo, o cronograma a ser seguido:

SEGUNDO TRIMESTRE
TURMA(S)
ENTREGA DOS NOMES
INÍCIO DAS APRESENTAÇÕES
21, 22, 23, 31 e 32
Até 22/05
A partir de 01/06


TERCEIRO TRIMESTRE
TURMA(S)
ENTREGA DOS NOMES
INÍCIO DAS APRESENTAÇÕES
21, 22, 23, 31 e 32
Até 21/08
A partir de 31/08



Bom Trabalho!

sábado, 18 de abril de 2015

MALHANDO TRIGO NO LAGAR?


MALHANDO TRIGO NO LAGAR?
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Lugar de malhar trigo era na eira, lugar amplo e arejado, para que as impurezas fossem lançadas para longe, ficando somente o que era bom. O lagar, por outro lado, constituía-se num lugar escuro, escondido e de acesso bastante limitado, onde a uva era pisada. Assim como Gideão, um dos “juízes” de Israel, muitos são os que escondem sua autoridade nos “lagares” da vida. Pais, mães, educadores e educadoras, por exemplo, demonstram medo de exercerem o papel de ascendência que deles se espera. Autoridade esta que, por óbvio, não se confunde com tirania ou autoritarismo. Como o personagem bíblico, muitos são os genitores e professores que, acuados e amedrontados, parecem duvidar do “chamado” ético que lhes diz respeito. A visão turva, coberta pela catarata de um falso conceito de “modernidade”, tem colocado em risco gerações inteiras, estas cada vez mais presas ao terreno movediço das drogas, do engodo, da leviandade, do desrespeito, da indisciplina, da preguiça e, muito comumente, da criminalidade. O temor ou inabilidade de malhar o trigo na eira, às claras, portanto, tem levado muitos a optarem pelo breu dos lagares escorregadios, onde o artifício do relativismo doentio busca justificar o injustificável. Assim, malcriação, mentira, furto, agressão física, ofensa moral, consumo de álcool e de entorpecentes são vistas e tratadas com leniência, como se naturais e aceitáveis fossem. Apoiados em algumas teorias “psicanalíticas” e “pedagógicas” insanas e irresponsáveis, acabam muitos pais e professores, por exemplo, fazendo vistas grossas ao problema. Delegam ao “tempo” a responsabilidade que lhes é inerente, o mesmo tempo que muito provavelmente irá mostrar, ainda que tardiamente, o quanto estavam errados. Ora, o tempo, por si só, não educa. Somente ações efetivas, posturas exemplares, modelos seguros e confiáveis, palavras firmes, cobranças permanentes e salutar cumplicidade com a sorte dos rebentos são capazes de educar. O amor exigente é que educa, ao contrário da condescendência cega. Assim como não basta o vento para separar o trigo de sua casca, soa como ingênuo lançar sobre o tempo a educação de nossas crianças e jovens. Malhar o trigo exige disposição, iniciativa, bem como trabalho duro e persistente. Educar, da mesma forma. A casca, assim como as dificuldades e tendências talvez “inatas” do ser humano, precisa ser “malhada”. Negá-la ou mantê-la como se útil fosse para o uso do trigo não parece razoável. O ato de educar não deve ser terceirizado, mas assumido com responsabilidade. Pais não têm o direito ético, moral e legal de lançarem sobre os ombros de outrem a obrigação que lhes compete. A escola e o Poder Público, da mesma forma, resguardadas as atribuições de cada um. Urge colocarmos a educação de nossas crianças e adolescentes na eira. Abandonemos o covarde papel inicial de Gideão, mas como ele, viremos o jogo e, de forma corajosa, vençamos a difícil, porém necessária, peleja em prol daqueles quem mais amamos.

Veja também:
http://www.institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=940ecc768099e35917344cd69eef5774