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segunda-feira, 28 de abril de 2014

ÉRAMOS SEIS


ÉRAMOS SEIS[1]
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Tamanho não é documento, diz um conhecido ditado. Ao que tudo indica, a máxima tem uma grande dose de verdade. Conheci um grupo de alunos que, apesar da insignificância numérica (apenas SEIS!!!), mais faziam lembrar a Batalha das Termópilas. Ao invés de espartanos, singelos trabalhadores, estudantes de um Curso Técnico da capital gaúcha: Bruna, Célia, Fabiano, Jefferson, Victor e João. Nomes simples, sobrenomes pouco conhecidos, estirpes sem grandes pompas. No lugar do temido exército persa, os inúmeros e complexos desafios do cotidiano. A fadiga do corpo, o cansaço da mente, o ônibus lotado, a fome a embrulhar o estômago após horas e horas de jejum, o tempo longe da família, as intermináveis contas a vencerem no final do mês, a insegurança noturna, as explanações teóricas do professor de Direito do Trabalho... Nada, absolutamente nada parecia demovê-los de seus sonhos. Nadando contra a maré, teimavam em avançar em meio ao território inóspito de inimigos corpóreos e invisíveis. Pessimismo, derrotismo e medo eram sentimentos que passavam de largo. Era vir alguém tentar fazê-los desistirem, compactamente formavam uma barreira intransponível, sedimentada pela coesão não do ferro ou do aço, mas da união do grupo. Mexer com um era mexer com todos eles. Demonstravam saber, na prática, o que muitos teóricos e filósofos tentavam explicar por meio de palavras. A vitória não é uma conquista individual, mas produto de uma vontade que é coletiva. Esperanças que se entrelaçam, que se misturam, que se tangenciam. As personagens da história que se passa em Porto Alegre em nada deixam a desejar para aquelas da Antiguidade. Como esquecer a história de Menelau e Helena, ou seria de Fabiano e Bruna? Casais que, em comum, têm suas vidas marcadas pelo amor incondicional. As barreiras, mesmo que maiores do que o Olimpo, têm o efeito contrário ao da separação. Torna-os, isto sim, mais unidos, solidários, cúmplices quanto à sorte um do outro. Sabem que os dissabores e intempéries fortalecem a relação e atestam a confiança recíproca. Como esquecer do sonho empreendedor do Victor ou do jeito um tanto que despojado do Jefferson? Impossível olvidar o esforço da Célia que, fosse outra, estaria metida em suas chinelas a desfrutar do calor junto à lareira, sorvendo um bom cálice de vinho. Ah, ainda tem o João e toda sua preocupação com os aspectos formais de um Curriculum Vitae. Soubesse ele que, por si só, é uma pessoa especial, única, singular. Tudo o “resto”, por certo, agrega à vida, portanto deve ser levado em conta. Certificados, diplomas, cursos de formação... Entretanto, vale lembrar – como diz a letra de uma música de outrora –, tudo passa, mas o que permanece é o AMOR.




[1] Texto em agradecimento aos alunos do CETERG pela paciência e confiança depositada neste humilde professor. Motivado por questões pessoais, estou me despedindo do Curso. Fico à disposição de todos vocês para auxiliar no que for preciso. Muito obrigado! 

sábado, 26 de abril de 2014

(IN)FELIZ ANIVERSÁRIO!


(IN)FELIZ ANIVERSÁRIO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                O último dia vinte e dois de abril, quando da passagem pelos quinhentos e quatorze anos do chamado “descobrimento” do Brasil, fez-me lembrar de uma mulher[1] avassaladora, mas fútil. Exuberante, porém vulgar. Corpanzuda, entretanto moral e eticamente mesquinha. Maria-chuteira embalada pela preguiça regada a sonhos de um casamento bem sucedido. Daquele tipo que posa no face com “biquinho” e tudo – não suporta estar à margem do que entende ser moda –, metida em roupas tidas por sensuais, enquanto o quarto, propositadamente às escondidas do foco da webcam, mais parece um entulho de lixo. A aparência, segundo ela, é o que importa. O fétido cheiro advindo do chorume que impregna a casa inteira, desde que não flagrado pelo vizinho, é apenas um detalhe. Uma mulher que apesar dos anos, segue imatura, entregue a devaneios e desejos muito além de suas posses. Doentiamente, segue acreditando num futuro que não chega. Tola e imbecilmente, teima em dar ouvidos às promessas de mal-intencionados que, após se deleitarem com o corpo dela, dão-lhe as costas e se voltam para seus próprios umbigos. Uma mulher que serve caviar às visitas, especialmente aquelas de além-mar, mas que aos filhos nada mais dá do que migalhas. Uma mulher que para preservar as “amizades” – feito cisternas rotas –, relativiza todos os seus valores, perdendo por completo sua individualidade. Promíscua, não perde tempo em lançar-se nos braços de quem acene com algum instante de prazer, mesmo que tênue e meteórico, já que a dor e a frustração causam-lhe pânico. Talvez por isso, a espera, a paciência, o planejamento a médio e longo prazos, o esforço, o trabalho árduo, a pesquisa e qualquer outra espécie de esforço físico ou mental soam-lhe tormentosas. À mulher, servem de modelo as “amigas” do Velho Mundo e a eterna “senhoria” do Norte, na maneira de vestir, comer e nos trejeitos de caça-homem, desde que o aprendizado não requeira renúncia à indolência e ao ócio infértil. Uma mulher pidona e sovina. Por um lado, extorque todos a quem pode, mediante promessas e, quando estas não convencem, apela para ameaças e intimidações. Por outro lado, é uma mulher que resiste em dividir o que tem com aqueles que, por direito, são os verdadeiros herdeiros de um Eldorado mal conhecido. Uma mulher que vive de apostas, que se acostumou aos “puxadinhos” e gambiarras só para inglês ver. Uma mulher dada ao vício e ao torpor nauseante que resseca as narinas e embrutece o cérebro. Vidrada nas teledramaturgias e reality shows, mostra-se incapaz de separar alhos e bugalhos. Para ela, virtual, real e ideal são sinônimos. Recusa-se a discutir política e faz desta última a grande algoz de seus dissabores. Faz da urna sua latrina, assim como do livro seu mouse pad, viajando pela “rede” e, ironicamente, nela se emaranhando. Mulher a escamotear, por meio de maquilagens pagas a preço de ouro, uma depressão que parece não ter fim, amedrontada pela violência que alimenta a insônia. O batom avermelhado ou em verde-amarelo lambuzando a boca só agrava a triste figura da mulher. Para ela, as mais de quinhentas velinhas apontam, ao mesmo tempo, para um passado inglório e para um futuro incerto.
Veja também:
http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=1423c72e086083cccf565767ec7e0d20





[1] Não me entendam mal as mulheres, não se trata aqui de “gênero”, mas tão-somente de uma “adaptação” textual. 

sábado, 19 de abril de 2014

CONJUNTIVITE


 CONJUNTIVITE
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Dez dias. Não aguentava mais. Olhar o mundo como que pela metade era algo, por demais, sofrível. Perdera a conta de quantos curativos descartáveis, embebidos em chá de camomila, depositara sobre o dito cujo. Sem falar, é claro, no oceano de gotas a pingar do colírio. Cada uma delas causava-lhe certo mal estar, menos pelo contato com a córnea do que pelo risco de desembolsar mais um punhado de reais na compra de um novo frasco. Melhor, “frasquinho”, não mais do que 05 (CINCO!!!!) mililitros de um composto que, pelo preço, devem ter sido extraídos direto do trono divino. Devia ser benta aquela água, tamanho o valor cobrado pelas farmácias. Apesar disso, o colírio parecia ser feito leite, adulterado. Passado tantos dias, o olho direito seguia encarnado e, quase que totalmente, fechado. Fora aquela dor que surgia cada vez que deslocava o olhar para esta ou aquela direção... Dirigir soava como um flagelo, ainda mais quando havia claridade, natural ou artificial. Resumindo, sempre! A sensação de estar sendo observado pelos outros era ainda pior. A impressão é que a velhinha do supermercado, já à beira da morte, parecia mais preocupada em encará-lo (ao OLHO!) do que com o degrau a sua frente. Até os pequenos não deixavam passar em branco. Lançavam o olhar em direção à vista inchada e começavam a chorar. Eles e o cara do olho. A maldita conjuntivite parecia ter hora certa para lacrimejar. Bastava ter alguém por perto e lá estava ela a se manifestar. Gostava de chamar atenção. Mais fazia lembrar aquelas mulheres de cabaré barato, enfiadas em seus vestidos avermelhados, ancas enormes e coxas carnudas. Tudo, menos passarem despercebidas. A conjuntivite, da mesma forma. Feito marafona, insiste em dormir com a gente. Por mais que tentemos escondê-la, sempre dá as caras. Tipo aquele primo chato! A gente conversa daqui e desconversa dali, rezando para o sujeito ir embora, e nada. Consulta o relógio, boceja de forma grosseira e o primo segue inerte, nada de tomar suas coisas e se despedir. Até que bate o desespero: apela-se para os arrotos e flatulências. O sujeito nem de perto esboça um adeus. A conjuntivite, com ela, é a mesma coisa. Talvez, a única vantagem desta sobre aquele é que a conjuntivite, normalmente, é menos frequente e mais espaçada em suas “visitas”. É verdadeira estraga-prazer. Pior do que uma conjuntivite é tê-la em véspera de feriadão. Sabe, daqueles feriados que a humanidade espera décadas, séculos, milênios para ter? Feriados mais incomuns do que o encontro, na mesma órbita, da Terra, da Lua, do Sol e de todos os planetas e corpos celestes de nosso sistema? Pois é... Cinco dias de feriado (o mesmo número de mililitros do maldito frasco: merda de coincidência!). Todo esse tempo em casa, sob uma espécie de lusco-fusco para não agredir o olho machucado. Todos lançam sobre o infeliz um olhar de desaprovação: a mulher, os filhos, até mesmo o cachorro... Praia? Serra? Shopping? Não, nada disso. Casa! Dispensável é dizer que são dias de absoluta carestia sexual. Fazer o quê? Sexta-feira santa, diriam as carolas de plantão. Nenhum prazer. Pior, acumulando sobre a mesa da sala de jantar um incontável número de provas, trabalhos e planos de aula para serem corrigidos, revisados e retomados. Pareciam zombar do estado vil do sujeito com olho avermelhado. Pareciam desafiá-lo, certos da impotência do coitado. Atormentá-lo, ao que se via, também parecia ser intento de todo aquele material infame, perverso e desumano. Não fosse a conjuntivite forte aliada da inércia laboral, veriam eles o que é bom p’ra tosse. Quanto ao olho... Próxima semana, a gente conversa. 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

EUROPA: QUADRO NATURAL


EUROPA: QUADRO NATURAL
Prof. Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Quando se fala em “quadro natural” estamos nos referindo aos aspectos físicos de um lugar. Portanto, diz respeito a aspectos como clima, vegetação, relevo e hidrografia. A Europa tem como clima predominante o temperado. Sabes o que é um clima temperado? É aquele que aparece nas áreas entre os Trópicos (Câncer e Capricórnio) e os Círculos Polares (Ártico e Antártico). O clima temperado caracteriza-se por apresentar as quatro estações do ano bem definidas. É um clima de invernos, normalmente, bastante rigorosos e verões com temperaturas agradáveis. Entretanto, é bom lembrarmos, que as temperaturas de uma determinada região sofrem influência não apenas da latitude (diferença em graus entre um determinado ponto da Terra e a linha do Equador), mas de inúmeros outros fatores como, por exemplo, altitude, continentalidade, maritimidade e massas de ar. A vegetação predominante no clima temperado oceânico, mais próximo ao litoral, são as florestas temperadas, onde despontam na paisagem os tão conhecidos pinheiros (em forma de “cone”, não as araucárias típicas do Rio Grande do Sul). Já no clima temperado continental (mais para o interior do continente), há o predomínio das estepes (muito semelhantes aos nossos campos aqui no Rio Grande do Sul). Outro clima importante no continente europeu é o polar. Este aparece, sobretudo, no extremo norte da Europa. É um clima marcado por temperaturas muito baixas, além de possuir apenas duas estações: inverno (noites mais longas, que às vezes – dependendo da latitude – podem durar meses) e verão (dias mais longos, que às vezes – também dependendo da latitude, podem durar meses). Apesar das dificuldades, importantes povos vivem nas áreas sob o domínio do clima polar. A vegetação dominante na região é a tundra, caracterizada por ser pobre e rasteira, boa parte do tempo coberta por gelo. Finalmente, um outro clima que gostaríamos de destacar aqui é o mediterrâneo, clima este com características muito parecidas com o nosso clima subtropical. Nas áreas cobertas pelo clima mediterrâneo, há o predomínio de um tipo de vegetação que leva o mesmo nome.

                Quanto ao relevo, a Europa é pouco acidentada, com destaque para as planícies (terras baixas). Planaltos (áreas, até certo ponto, também planas, porém mais altas do que as planícies) e cadeias montanhosas são comuns no continente, especialmente mais ao sul. O relevo europeu pode ser considerado “jovem”, daí não ser incomum abalos sísmicos, por exemplo, na parte mais meridional da Europa. No que tange à hidrografia (conjunto de águas naturais), o continente possui uma grande quantidade de rios (de planície e de planalto), contudo de pequena extensão.


EUROPA: LOCALIZAÇÃO


EUROPA: LOCALIZAÇÃO
Prof. Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                A Europa é o penúltimo continente em extensão (só à frente da Oceania) e o quarto em população (ultrapassado pela Ásia, África e América, respectivamente). Por outro lado, o continente europeu é o que, de longe, abriga o maior número de países desenvolvidos. Cerca de cinquenta países a compõem, muitos deles com elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

            A Europa está localizada totalmente no hemisfério norte (na parte setentrional da linha do Equador) e quase que na sua totalidade no hemisfério oriental (a leste do meridiano de Greenwich). É cortada pelo meridiano inicial e pelo Círculo Polar Ártico, estando localizada, portanto, nas zonas climáticas temperada norte e polar norte. No que tange aos limites, o continente europeu tem ao norte o Oceano Glacial Ártico, ao sul o Mar Mediterrâneo, a oeste o Oceano Atlântico e a leste os Montes Urais e os Mares Cáspio e Negro.

            Muitos autores preferem falar em Eurásia, ou seja, um único continente formado pela Europa e Ásia. Tal iniciativa nada tem de equivocada, desde que olhada sob os aspectos físicos (clima, relevo, vegetação, hidrografia), isto porque do ponto de vista socioeconômico, cultural e histórico, Europa e Ásia guardam profundas e, muitas vezes, irreconciliáveis diferenças. 


A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO


A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Prof.Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                O Brasil, hoje, é o quinto maior país da Terra, o terceiro da América e o primeiro do continente latino-americano. Contudo, a grandeza do território brasileiro é fruto de séculos de história. Quando da chegada dos portugueses ao Brasil, por exemplo, na virada do século XV para o XVI, o país tinha proporções muito menores do que as de hoje, limites estes trazidos pelo famoso Tratado de Tordesilhas. Este fora assinado em 1494. Os países signatários eram Portugal e Espanha, duas das maiores potências econômicas e políticas da época. Tamanha era a influência desses países, que se deram ao direito – sob o olhar conivente da Igreja – de repartirem as terras a serem descobertas entre eles. O acordo estabelecia que as terras a oeste da linha imaginária traçada estariam sob o domínio espanhol, enquanto as que estivessem a leste pertenceriam, por direito, a Portugal. Assim, mesmo antes de ter sido “oficialmente” descoberto (1500), parte do que hoje é o Brasil já pertencia à Coroa portuguesa. Ao longo dos anos, inúmeros tratados (como o de Madri em 1750 e o de Santo Ildefonso, em 1777) foram dando ao Brasil os atuais contornos. A expansão do território brasileiro, vale lembrar, esteve marcado, também, por inúmeros conflitos – inclusive bélicos – com outros países. Só recentemente (1903), por exemplo, foi anexado de maneira definitiva o estado do Acre. Ainda hoje, a busca pelo alargamento territorial é algo presente. Prova disso é a intenção do país em rediscutir sua fronteira marítima, afinal o Atlântico guarda um “oceano” de riquezas e recursos naturais, como gás e petróleo.

                A ocupação humana e a distribuição populacional acompanharam o processo de formação do território brasileiro. Desde muito cedo, os principais aglomerados se fixaram junto ao litoral. Logo após a chegada dos portugueses, por exemplo, a economia estava fundada no extrativismo vegetal (pau-brasil), servindo a costa como porto de embarque da mercadoria. Não muito diferente foi o chamado Ciclo da Cana (séculos XVI e XVII), onde cabia às áreas litorâneas a maior parte do cultivo da cana-de-açúcar. Já o Ciclo do Ouro (século XVIII), contribuiu significativamente para a interiorização da população, ávida pelas jazidas localizadas, principalmente, na região do atual estado de Minas Gerais. Ainda assim, era (e, de certa forma, continua sendo) enorme a diferença quantitativa entre a população litorânea e aquela assentada no “interior” (centro e oeste do país) do território. O deslocamento da capital federal para Brasília (1961), por exemplo, tinha entre seus objetivos uma maior ocupação humana das áreas mais centrais do país.


                Conclui-se, portanto, ser de fundamental importância remontarmos ao passado para compreendermos o presente. Não é produto do acaso a irregular distribuição populacional pelo território nacional. Ao contrário, é resultado de interesses econômicos e políticas governamentais, muitas delas equivocadas. 

BRASIL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS


BRASIL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Prof. Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                O Brasil, por certo, é um país complexo. Contudo, pretende-se aqui traçar algumas de suas características mais marcantes, muito mais para fins didáticos do que com o objetivo de aprofundar – ou, menos ainda, esgotar – o assunto. O Brasil é, grosso modo, um país americano, tropical e subdesenvolvido. É “americano” por estar localizado na América. Ocupa no continente o terceiro lugar em tamanho (perdendo para o Canadá e os Estados Unidos, respectivamente), sendo, entretanto, o maior país da América Latina. O Brasil é, ainda, o quinto maior país da Terra.  

     Por que “tropical”? Porque está localizado em quase sua totalidade na chamada Zona Intertropical (entre os trópicos de Câncer e Capricórnio), localização esta com profundas consequências, por exemplo, no clima (predominantemente, tropical) e na vegetação. Nosso país é cortado pela linha do Equador (mais ao norte) e pelo trópico de Capricórnio (mais ao sul), estando, portanto, localizado quase que totalmente no hemisfério sul e totalmente no hemisfério ocidental.

                Finalmente, o Brasil pode ser considerado um país “subdesenvolvido”. Você sabe o que isso significa? Apesar de estar entre as maiores economias do mundo, de possuir invejáveis recursos naturais (minérios, hidrografia privilegiada, vegetação exuberante, etc.), infelizmente a maioria da população segue à margem de uma boa qualidade de vida. Saúde, segurança, ensino, moradia, transporte, saneamento, etc., de qualidade são privilégio de uma pequena parcela de nossa gente. Impera no Brasil o desrespeito aos mais elementares direitos assegurados na Constituição, situação esta perpetuada por um Estado (governo) comprometido com os interesses de uma poderosa elite que, historicamente, busca – a todo custo – manter seus privilégios.

                

domingo, 13 de abril de 2014

OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO


OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


                Podemos definir “princípios” como sendo as proposições básicas que fundamentam o Direito. Assim, os Princípios do Direito do Trabalho devem permear não apenas os textos legislativos e os contratos de trabalho, mas as próprias decisões nascidas junto aos tribunais, por exemplo. Servem eles como “norte” para o posicionamento jurisdicional, bem como para as relações trabalhistas cotidianas. Vários são os chamados “Princípios do Direito do Trabalho” e não menos variadas as formas de abordá-los e classificá-los pelos autores que tratam sobre o assunto. Um dos mais conhecidos é o Princípio de Proteção, fundado na ideia da hipossuficiência do empregado (ver Art. 8o da CLT). Pode ser subdividido em outros Princípios, como o do in dubio pro operário, o da “condição mais benéfica” e o da “aplicação da norma mais favorável” (ver Art. 620 da CLT). Resta claro a intenção do legislador em proteger o “lado mais frágil” da relação trabalhista, a saber, o empregado.

                Outro Princípio muito conhecido no Direito do Trabalho é o da “irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas” (Ver Arts. 444 e 468 da CLT). Assim, não pode o empregado abrir mão de direitos historicamente construídos, hipótese esta que agravaria – ainda mais – o desequilíbrio da relação empregador-empregado. Já o chamado Princípio da “continuidade da relação trabalhista” traz como premissa a ideia de que, salvo estipulado em contrário, o contrato de trabalho é contínuo no tempo (ver inciso I do Art. 7o da CLT, bem como a Súmula 212 do TST). O Princípio da “primazia da realidade”, por sua vez, prioriza o fato concreto em relação às cláusulas contratuais. Assim, a mera assinatura de um contrato de trabalho não afasta a realidade concreta, preponderando esta sobre aquela. O referido Princípio pode ser subdividido em outros: pacta sunt servanda, “razoabilidade”, “boa-fé”, “não-discriminação”, “integralidade e intangibilidade do salário”, “irredutibilidade salarial” e “autonomia da vontade”.


                Conclui-se, portanto, que o Direito do Trabalho é “protetivo”. Não são poucos os que criticam o tratamento desigual dispensado pelo legislador aos sujeitos do Contrato de Trabalho: empregador e empregado. Alegam alguns que tamanha proteção ao primeiro acaba por provocar situações de flagrante injustiça em desfavor do empregador. Contudo, vale lembrar, as conquistas no campo do Direito do Trabalho são resultado de árduas lutas dos menos favorecidos (trabalhadores), conquistas estas que, diga-se de passagem, vêm sofrendo uma série de ataques em nome de uma dita "flexibilização”. Ressaltamos ainda que, em regra, no Brasil o que onera a produção não é o valor pago à mão-de-obra, mas a insana carga tributária praticada pelo Estado, carga esta que não reverte em melhoria da qualidade de vida da população e nem, tampouco, em investimentos indispensáveis a quem produz (empresas). 

terça-feira, 8 de abril de 2014

EAD: DESUMANIZAÇÃO OU NOVAS POSSIBILIDADES?


EAD: DESUMANIZAÇÃO OU NOVAS POSSIBILIDADES?
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Alguns têm condenado o chamado Ensino à Distância (EAD) sob o argumento de que o mesmo leva, necessária e obrigatoriamente, à desumanização das relações entre, por exemplo, professor e educando. Colocam-se contra o que consideram uma espécie de educação in vitro, onde os conflitos humanos típicos e compreensíveis são postos de lado. Soaria como um processo de “eugenia” social, colocando para fora dos muros da escola boa parte dos alunos e alunas indesejados ou, no mínimo, restringindo-lhes significativamente o tempo de permanência na instituição. Confesso que tenho como que um “pé atrás” no que tange ao Ensino à Distância, pois sou um ferrenho defensor da necessidade do vínculo no processo ensino-aprendizagem. Preciso sentir o cheiro de gente, olhar no fundo dos olhos, captar cada gesto ou até mesmo compreender a falta dele. A simples troca do ensino presencial pela modalidade EAD parece-me um equívoco, como já dito em outras oportunidades[1]. Acredito, isto sim, que a substituição só é aceitável diante de situações e públicos específicas. Por outro lado, os argumentos de que se valem alguns críticos – tomados de uma flagrante cegueira analítica – do EAD merecem uma boa dose de reflexão.

                No final da década de 1990, as telas exibiram o “Homem Bicentenário[2]”, onde um robô doméstico (representado por Robin Williams) chamado de Andrew começou a desenvolver, digamos..., “sensibilidade humana” para assuntos como perdão e compaixão, ultrapassando, de longe, suas “funções” originais, como as tarefas tipicamente domésticas. Genial o filme. Quantas lições dele se pode extrair! Pincelo uma delas, a saber, o tapa com luvas de pelica que nos é dado. Uma máquina com grau de “humanidade” muito maior do que o de nossa espécie. Não muito diferente é o que tenho visto em relação à escola. Professores, não são poucos, que mantêm uma distância estratosférica, fria, impessoal e indiferente em relação ao educando. Resistem a elogiar, insistem em diminuir, ainda mais, a autoestima de quem a vida já privou de tantas coisas. Presentes, só os corpos de tais “educadores”, pois a cumplicidade com os desejos, sonhos e dificuldades dos alunos e alunas passa de largo. Homens e mulheres tidos por “profissionais”, que fazem do giz não um pincel pronto a dar vida e sentido aos textos, fórmulas e rabiscos que zingam o quadro-verde. Parece, isto sim, é fazerem uso de um bisturi às portas de uma lobotomia da alma. O olhar viajante há muito se fora, se é que algum dia se fizera presente. Usam velhos chavões para realidades e contextos completamente novas. Amarelados não são apenas os “planos de aula”, mas o próprio senso crítico parece tomado pelo zinabre da mesmice pedagógica. Os incontáveis títulos e certificados, exceto trazerem algumas moedas a mais na algibeira dos parcos salários, servem tão-somente como adorno à sala ou aos sorrateiros “cafofos” do ego.

                O que desumaniza não é a máquina. O que distancia o educando da escola e de tudo o que ela representa não é a ferramenta. O que lança para fora o aluno são as relações que se estabelecem no ambiente escolar. Seja qual for a proposta metodológica ou a modalidade adotadas pela instituição de ensino, inexistindo atenção e fortalecimento dos vínculos, o fracasso é certo, mesmo que tardio. Máquinas são apenas máquinas! Não passam de um amontoado de parafusos a nosso serviço. As relações, ao contrário, pressupõem uma engenharia infinitamente mais complexa. São estas últimas que dão (re)significado à própria vida. É na relação com o “outro” que eu cresço e aprendo. É na relação com o “outro” que me torno, de fato, sujeito da minha e da nossa história. É na relação com o “outro” que dou sentido ao que outrora não passava de mera teoria. É na relação com o “outro” que sedimento e frutifico os nobres valores éticos, imprescindíveis à teia social. Quem é o “outro”? Por que não nós os educadores? Assumamos um papel de protagonistas na vida e no processo ensino-aprendizagem dos educandos. Somos, por natureza, insubstituíveis. Urge, entretanto, que tomemos posse do lugar para nós reservado, sob o risco de vê-lo ocupado pela sombra dos penduricalhos por nós mesmos criados.

Veja também:
http://educacao.cachoeirinha.rs.gov.br/index.php/39-noticias/educacao-a-distancia/183-ead-desumanizacao-ou-novas-possibilidades.html

http://projetosdadiversidade.blogspot.com.br/2014/04/ead-desumanizacao-ou-novas.html



























[1] Ver texto “EAD na EJA” no blog profgilvanteixeira.blogspot.com.br. Existe em Cachoeirinha (RS), na Escola Municipal de Ensino Fundamental Fidel Zanchetta, uma modalidade EAD Semipresencial na Educação de Jovens e Adultos. A iniciativa soa como interessante, pois ao mesmo tempo que mantém o contato direto (presencial) com o educando, abre um leque de possibilidades através da chamada Plataforma Moodle, mitigando quiçá o sério problema da evasão escolar.
[2] Bicentennial Man. Produção de 1999. 

domingo, 6 de abril de 2014

PRÍNCIPES E PRINCESAS


PRÍNCIPES E PRINCESAS
Gilvan Teixeira
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br



                Comum tem sido encontrarmos verdadeiros castelos encravados no meio da cidade, do bairro, da rua, de nossa (nossa?) própria casa. Castelos cercados por extensas e largas muralhas, aparentemente intransponíveis, formadas por enormes blocos que, ano após ano, foram sendo ali colocados, mesmo que de forma não intencional. Blocos pesados, infames e mal cheirosos. Blocos marcados por uma espécie de inscrição. Omissão, negligência, indiferença, falta de tempo, permissividade, mentira, medo, tirania, vergonha... Muitos nomes. Incontáveis. Feito os corais, tais blocos foram sedimentando. Diferentemente daqueles que ocupam os oceanos, as pétreas muralhas dos castelos abrigam a morte e a falta de esperança. Afundam sonhos e fazem naufragar o amor, o respeito, a ética e a saudável autoridade. Por detrás de todo castelo tem um príncipe ou uma princesa. Quem sabe, ambos. Os castelos urbanos, ditos modernos, convivem com a síndrome – que, quando não tratada a tempo, se transforma em “maldição” – da coroa. Herdeiros e herdeiras do trono que, desde muito cedo, intentam contra o Rei e sua companheira. Trazem uma teimosa inclinação ao despotismo. Nas masmorras por vezes encobertas pelo véu da aparente modernidade, torturam a memória e a tradição dos anciãos. Príncipes e princesas que não pedem, exigem! Não se desculpam, criam subterfúgios para esconder o erro e, se duvidar, ainda viram a mesa, passando de algozes a vítimas. Príncipes e princesas que dizem o que querem, na hora que querem e para quem querem. O olhar omisso, condescendente e, por vezes, envergonhado do rei e da rainha, feito lenha seca em meio às chamas, só faz inflamar o ego dos pequenos. Príncipes e princesas que vestem e falam como se reis e rainhas fossem. O cetro, desde muito cedo, tomaram para si. O que parecia simples brincadeira “engraçadinha”, toma proporções alarmantes. A insígnia real, nas mãos dos rebentos, torna-se víbora peçonhenta, destilando veneno para todos os lados. A língua “hiperativa” e sem controle desses príncipes e princesas ofende, fere, entristece, envergonha não apenas a própria estirpe, mas as famílias para além-muros do castelo. Tão cruel quanto às palavras, mais parecendo açoites à moral e à ética, são as ações desregradas e desmedidas dos príncipes e princesas que desconhecem os limites da razão e do bom senso. A tal ponto chegam seus disparates que nem as questionáveis amarras “ritalínicas” prescritas pelos doutos do reino são capazes de dar-lhes um basta. Não há fórmulas e nem tampouco farmacologia capazes de preencherem o espaço reservado à autoridade que deveria acompanhar todo rei e rainha. Ascendência real, justa e legítima se conquista e se constrói, não se compra e nem se terceiriza. Príncipes e princesas necessitam ser amados. Amor pressupõe, também, diálogo, respeito e limites. Príncipes e princesas merecem brincar, dar asas à imaginação, sonhar... Príncipes e princesas devem reinar, mas tão-somente nos castelos que brotam da fantasia lúdica. Príncipes e princesas devem aprender que a verdadeira realeza nasce do respeito ao outro, da alteridade e da solidariedade. É o amor quem, de fato, nos investe de brilho e distinção, não a do tipo midiático e superficial, mas duradoura, daquele tipo que acompanha os verdadeiros príncipes e princesas, futuros reis e rainhas a governarem seus castelos, onde as muralhas dão lugar a campos e jardins a perderem de vista.   

Veja também:
http://institutosaofrancisco.com.br/site/artigos_visualizar.php?artigo_autenticacao_=5226a55cbb5abe36b3c5405572836a0e




terça-feira, 1 de abril de 2014

UVAS VERDES

UVAS VERDES
Gilvan Teixeira
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E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? [...]
Ezequiel 18:1-2



                A passagem acima permite uma série de interpretações. Para lá de uma análise bíblica, a parábola me faz pensar acerca dos incontáveis casos de crianças e adolescentes que violam as mais elementares regras de convívio social. As causas que levam à violação dos limites e princípios de convivência (estes últimos mais amplos do que as primeiras) são várias e complexas. Contudo, inegável é o papel da família no que tange à (de)formação de caráter do sujeito. Famílias omissas, frouxas, desorganizadas (sem papéis definidos) e permissivas tendem a parir indivíduos com sérios problemas de conduta ética. O problema perpassa por todas as classes socioeconômicas. Os segmentos com melhor poder aquisitivo, por exemplo, há muito esbarram com uma espécie de triste ironia, ou não seria hipocrisia? As mesmas classes média, dita ascendente, e alta, que mais esperneiam frente ao avanço da violência e da insegurança, (des)educam seus filhos e filhas, fazendo-lhes crer que o mundo gira em torno de seus umbigos. Quem já não assistiu a um pai ou a uma mãe arrotar, estúpida e arrogantemente, que “paga a escola” (como se isso não fosse mais do que obrigação!) e, por isso, deixem a “pobre” criança – às vezes, quase um homem de barba na cara – fazer o que bem entende. Infeliz e vergonhosamente não são poucas as instituições de ensino que se dobram frente ao temor de ou perder o aluno ou, quem sabe, se ver envolvida numa demanda judicial. São famílias paradoxais, onde muito comumente discurso e prática guardam uma distância estratosférica. Condenam a corrupção, mas sonegam impostos. Olham de soslaio para a improbidade, mas fazem da mentira companheira inseparável. Gritam por mais segurança, mas permitem que seus adolescentes tomem o volante do carro ou se embriaguem em festas regadas pelo álcool e pela droga. Desejam ordem no país, no estado, no município, mas a própria casa parece mais uma Babel, onde autoridade e respeito passam de largo. Não sabem elas que colhem o que semeiam? O tráfico vê nelas importantes aliadas. Tais famílias, em grande parte, é que sustentam o crime que, mais cedo ou mais tarde, baterá à porta, ceifará a vida, a saúde e a esperança da prole. Ontem era uma mentirinha aqui, outra ali. Hoje, um baseadinho aqui, outro acolá. Amanhã, o que virá? Ontem a cria se voltava contra o professor. Hoje, contra o criador. Amanhã, contra quem? A omissão e permissividade da família alimentam o caos social hoje conhecido. Está mais do que na hora da família dizer “não” aos caprichos desarrazoados dos mais novos. Dizer “não” à indisciplina, à desídia, à desonestidade, à mentira dos rebentos. Deixando de fazê-lo, alguém o fará. Quem sabe, o professor, o policial, o juiz, a morte... Amar é educar, envolver-se, comprometer-se, dar limites. Amar é ouvir, mas se fazer ouvir. É vigiar (o inimigo vem como ladrão...), é auscultar o mais discreto sussurro da alma. Amar é dizer “sim”, mas também dizer “não”. Amar é fazer brotar, crescer e frutificar os valores em nossos filhos e filhas. Parreirais, temo-los muitos, de todos os tipos. Uvas de qualidade, só a engenharia do amor e do cuidado as pode produzir.

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