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quarta-feira, 18 de julho de 2012

ELLES


ELLES
Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br


            É por ELES que o corpo cansado teima em labutar sessenta horas. Por ELES, abre-se mão do aconchego da família, do lazer, da gostosa boemia tendo as estrelas por pano de fundo. Por ELES, insiste-se nesta profissão espezinhada pela história recente e ridicularizada pelos ignóbeis e vexatórios salários. Por ELES, toma-se o coletivo abarrotado de gado-humano, como que para o abate. Por ELES, enfrenta-se o mau humor e incompreensão de alguns pais, bem como o pessimismo às vezes doentio que invade a sala dos professores. Por ELES, embate-se contra políticas públicas equivocadas que buscam salvar as aparências, através de números e índices “positivos”, em detrimento de uma qualidade eficaz e duradoura. Por ELES, luta-se contra os pruridos do corpo e as dores da alma. Por ELES, se posterga sonhos, mesmo sob o alto risco de serem enterrados, por vezes, antes de nosso corpo. Por ELES, afina-se o discurso, mesmo que diante de uma realidade hostil e com cara de poucos amigos. Por ELES, acredita-se num futuro que teima em não chegar. Por ELES, deixa-se o passado e todas as agruras dos anos letivos pretéritos, abrindo espaço para a esperança, talvez ingênua, de dias melhores. Por ELES, faz-se vistas grossas à indisciplina que, de maneira não tão incomum, ganha terreno por entre os muros da escola. Por ELES, paciente e estoicamente passa-se o tempo, que não se tem, em meio a uma plateia quando dos encontros e seminários. Por ELES, se ouve blasfêmias e impropérios e sela-se a voz do coração. Por ELES, é-se eterno pescador de almas. Parabéns ELLES por ser um deles.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

O GRÃO DE MOSTARDA


O GRÃO DE MOSTARDA
Gilvan
blog: profgilvanteixeira.blogspot.com.br

               

                Quem não conhece a parábola bíblica do grão de mostarda? Entre as sementes talvez a menor, mas a simbologia... Foi dada a largada oficial para campanha eleitoral, sim porque a campanha “informal” – escancarada e tecnicamente “proibida” – há muito que está nas ruas, sob todas as formas: meios eletrônicos, adesivos de carros, camisetas, “corpo a corpo”, entre tantas outras. Sem falar naqueles que fazem campanha há anos e, pasmem, diariamente, com práticas típicas da pior espécie de se fazer política, qual seja, a da troca de favores. Neste município se troca votos por remédios, lâmpadas, leitos hospitalares, “cargos em comissão”, “funções gratificadas”, estágios remunerados. Bom, deixemos isso de lado. Como ia dizendo, foi aberta a temporada de caça... aos votos. Estes, feito patos, viram alvo. Para conquistá-los, muitos dos candidatos atiram para tudo que é lado. “Conquistar” talvez não seja o termo mais adequado, pois que a conquista – ao menos no plano do amor – pressupõe respeito, espera, paciência, abnegação, altruísmo e mais uma centena de virtudes. O que se vê é uma espécie de “estupro”, tomada à força, onde os valores acima são substituídos por práticas invasivas que atentam contra o bom senso e a paciência dos pobres eleitores. Candidatos mal alfabetizados pousam de doutores, enquanto doutores trocam suas fatiotas por vestes do povo, mais fazendo lembrar lobos em meio às ovelhas. Apela-se para religiosidade, sensualidade, títulos honoríficos. Para Deus e para o Diabo. Para Bíblia e para a numerologia. Tem de tudo. Há os que adotam nomes de super-heróis, mesmo que de comédia “pastelão”. Candidatos e candidatas que investem nas roupas e nas plásticas para ficarem mais apresentáveis, só fazendo aguçar a desconfiança de que, para eles, a aparência precede a essência, a embalagem o conteúdo.

                Para alguns, como eu, a campanha mal iniciou, já terminou. Findou com a desistência da Rosa Maria Lippert, ou simplesmente Rosinha, em concorrer à vereança. Obra do destino ou, talvez, do descuido. Contudo, em que pese a desistência, nossa querida amiga semeou ideias, posicionamentos, reflexões. Fez ressuscitar a crença de que Cachoeirinha pode e deve ser uma cidade mais limpa, justa, fraterna, sustentável, segura, inclusiva, lúdica e, principalmente, feliz. É uma figura rara, daquelas que ao falar, o faz com paixão. Mostra-se convencida e faz convencer de que somente uma educação de qualidade tem o poder de revolucionar esta cidade. Foi-se a campanha, mas as ideias, assim como o grão de mostarda, seguirão firmes, potencialmente transformadoras.

                Cachoeirinha precisa de representantes à altura dos homens e mulheres de bem, munícipes que labutam, pagam seus impostos e tributos, em que pese a contraprestação de serviços públicos essenciais muito aquém do desejável. Representantes que não se alinhem a interesses privados e corporativos espúrios, mas que sejam – de fato – espelhos dos interesses e demandas da coletividade, mesmo que em toda sua complexidade. Nosso Município precisa voltar a crer, a ter fé. Esta, mesmo que no tamanho de um grão de mostarda, é capaz de mover montanhas, de subverter estruturas tão velhas quanto perversas, contribuindo na construção da cidade sonhada por pessoas como ela: Rosinha!